O Fim do Blogue do Syrah. A explicação!

O blogue do Syrah esteve activo durante 4 anos completos, de Setembro de 2014 a Setembro de 2018. Fechou portas dia 7 desse mês. Nestes quatro anos publicou 652 textos e teve quase 3 milhões e meio de visitas! Tendo em conta que 4 anos são 1460 dias, isso dá a publicação dum texto em média a cada 54 horas! E isto durante 4 longos anos. Para além disso o Blogue do Syrah fez visitas às principais feiras de vinho do país com o intuito de contactar e dar-se a conhecer, não só, mas principalmente aos produtores de Syrah e recolher o máximo de informação que pudesse usar no Blogue do Syrah. Só por eles é que íamos às feiras! E também por eles este Outubro e Novembro não fomos a nenhuma! Promovemos ao longo destes 4 anos várias provas cegas, a maior parte delas com a ajuda inestimável dos Cegos por Provas!
Fizemos algumas visitas a quintas e herdades para recolhermos informações genuínas para aproveitarmos nos textos. Mais de 90% das fotos do Blogue do Syrah foram feitas por nós, maioritariamente pelo Raúl Coelho para dar um toque de originalidade gráfica e não nos ficarmos pela reprodução de fotos que se encontram em todo o lado. Esta explicação precisava de ser dada. Não quis fazê-lo logo na altura do fim do Blogue do Syrah para ter possibilidade de pensar muito bem naquilo que vai ser espraiado no papel para sempre e de não vir a arrepender-me mais tarde! A verdade tem que ser dita e como diz um ditado françês “Só a verdade ofende» custe a quem custar !


O Blogue do Syrah não deve nada a ninguém, nunca pediu nada de borla e portanto o que será dito é o que tem que ser dito ! Senti a necessidade de fazer esta declaração porque houve algumas pessoas que pessoalmente ou por via digital questionaram-me sobre o motivo que levou ao fim do Blogue do Syrah ! Avançavam a tese de que o fim do Blogue do Syrah se devia ao facto de ter sido bloqueado no facebook, nos vários grupos de vinhos a que o Blogue do Syrah se tornou membro, com o objectivo de divulgar os textos publicados. Se bem que durante os 4 anos de existência do Blogue do Syrah tenha sido bloqueado cerca de 20 vezes, a espaços entre uma semana e um mês e de no início me indignar, não pelo facto de ser bloqueado por um idiota, mas por a administração do facebook não se dignar responder às interpelações que lhe dirigia. A partir dum certo tempo levei a coisa para a brincadeira e pedia para o idiota ou os palermas do facebook terem a ousadia de me bloquearem apesar das visitas continuarem a subir! Quando passei a fazer isso, deixaram de me bloquear !…
Portanto, para que fique claro, não foi este o motivo para o fim do Blogue do Syrah ! Nem pouco mais ou menos ! O maior adversário do Blogue do Syrah, por incrível que possa parecer, foi aquele que deveria ter sido o seu principal parceiro ! Os próprios produtores de Syrah ! A mentalidade generalizada dos portugueses que foi descrita muito bem por Teixeira de Pascoaes em A Arte de Ser Português ou mais recentemente por Alexandre O’Neill, Alberto Pimenta ou Luís Ene é uma mentalidade tacanha e mesquinha por um lado e completamente indiferente e mesmo estúpida por outro! Qual das duas é a mais negativa? Venha o diabo e leve as duas! Claro que há excepções, várias, a esta situação! Produtores que percebendo a mais valia que o Blogue do Syrah poderia constituir consolidaram parcerias nas várias colheitas que iam lançando e nas provas cegas em que iam participando. Mas são, infelizmente, excepções! A regra é “não quero saber, não digo, se quiser conhecer venha cá comprar!…”


O ditado popular diz que “Quem corre por gosto, não cansa!” e nós corremos e corremos e não nos cansamos no primeiro ano ( que era necessário mostrar a seriedade e a consistência do projecto), no segundo ano continuamos cheios de genica, porque a afirmação era um valor importante, continuamos a correr no terceiro ano por gosto, mas no quarto ano apercebemo-nos que independentemente de tudo o que fazíamos, continuavamos a ser vistos de modo indiferentes pela maioria dos produtores de Syrah, alguém que fazia coisas interessantes, mas que não aquecia nem arrefecia! E isto para além duma panóplia de mentecaptos para quem era impossível de aceitar que houvesse alguém que fazia coisas sem nada ganhar…e estou a falar do ponto de vista financeiro!Ao fim de quatro anos cansámos! Há cinquenta histórias que poderia contar que mostram bem a mentalidade de indiferença ou de tacanhez presente no mundo do vinho tal e qual como também está presente na sociedade civil em geral! Mea culpa! Pensava erradamente que o mundo do vinho poderia ser diferente…Não é!
Como tal, a atitude mais inteligente é voltar à condição de enófilo e aí compro e bebo os Syrah que quiser e me apetecer!…E com isto nem me estou a limitar aos Syrah portugueses. Sabe-se lá, pode ser que acabe por fazer um Blogue dos Syrah estrangeiros! Há uma coisa que tenho a certeza! Seria tratado bem melhor e mostrariam maior consideração! Disso não tenho muitas dúvidas!
O mundo dos Syrah abre-se de vez! E o número é imenso!…

Syrah em Portugal = 200

Pois foi, grão a grão enche a galinha o papo, ou melhor dizendo, Syrah a Syrah foi crescendo a nossa lista!

Hoje, precisamente com a inclusão do Fat Baron, da Casa Ermelinda de Freitas, de 2016, de que acabamos de dar a novidade, a nossa lista oficial dos Syrah Portugueses atingiu o número redondo de 200!

Os nossos agradecimentos, mais um vez, a quem faz esta bebida que nos delicia, a partir da nossa casta preferida, a casta Syrah!

Vamos em frente até aos 300?

 

Syrah ajuda a libertar a criatividade

Uma pesquisa austríaca diz que um bom Syrah pode desbloquear o nosso lado criativo, desinibir uma pessoa, mas também pode livrar um escritor de um tão temido “bloqueio criativo”, é o que afirma um estudo da Universidade de Graz, na Áustria, publicado pelo Dr. Mathias Benedek.

O médico examinou os efeitos da “intoxicação moderada por álcool” na cognição criativa em 89 participantes, que precisavam de resolver tarefas que necessitavam de criatividade. Um grupo devia consumir álcool em quantidade moderada enquanto o outro ficou sóbrio. Os que consumiram bebidas provaram acertar mais rapidamente as tarefas dadas. Dessa forma, o estudo descobriu que o consumo de álcool leva a um “controle cognitivo” limitado. E é o controle cognitivo que, muitas vezes, pode ser um obstáculo na resolução de tarefas criativas.

“O álcool desempenha um papel na mitigação dos efeitos de fixação. Na resolução criativa de problemas, estes podem ser resolvidos apenas após a reestruturação da representação do problema. Quando as tentativas de solução inicial começam pelo caminho errado, isso pode causar bloqueios para a resolução imediata de problemas, o que é conhecido como fixação mental. O álcool pode reduzir os efeitos da fixação afrouxando o foco de atenção”, afirmou Benedek.

Quinta dos Termos, Reserva do Patrão, 100% Syrah, Beira Interior, 2015

Estamos perante uma nova colheita do Syrah Quinta dos Termos, do ano de 2015!

É indiscutivelmente um Syrah de qualidade superior e esta colheita confirma de novo a sua excelência, embora não seja fácil de encontrar na Grande Lisboa!

Já o dissemos mais do que uma vez e continua a ser verdade!

As notas de prova que escolhemos dizem que “é rico de cor, tem aroma intenso e torna-se muito atraente na boca, graças aos seus taninos aveludados”, e tem uma graduação alcoólica de 14%. Tem pela frente um caminho de evolução a fazer! O rótulo não nos diz que se trata de Syrah, o que não é uma situação vulgar em Portugal, ao contrário do que acontece noutros países como por exemplo a França. Mas fala em “reserva do patrão”, mostrando bem que o produtor, João Carvalho, igualmente professor universitário na Universidade da Beira Interior e também presidente da Comissão Vitivinícola da Região da Beira Interior, tem bom gosto!

A Quinta dos Termos está de costas viradas para a Serra da Estrela, com exposição sul, em declive meio acentuado e resguardada a norte pela montanha que a delimita. A Quinta dos Termos apresenta um terroir próprio que marca de forma indelével os vinhos ali produzidos. A Quinta é possuidora de um microclima próprio e de terras pobres, que naturalmente disciplinam as variedades mais produtivas. Ali se cultivam as castas tradicionais da Beira Interior, tais como Trincadeira, Jaen, Rufete, Marufo, Tinta Roriz, Tinto Cão, Afrocheiro Preto, Touriga Nacional, Baga, Siria e Fonte Cal e ainda algumas do Novo Mundo tais como Petit Verdot e Sangiovese, e a nossa Syrah, claro. Esta quinta é o maior produtor da região com Denominação de Origem da Beira Interior, actualmente a produzir cerca de 700 mil litros por ano.

A propriedade de 56ha tenta ser o mais biológica possível, não usando herbicidas nem pesticidas e prezando sempre a utilização de produtos naturais, que, apesar de serem menos eficazes e darem mais trabalho, compensam no resultado final. Os solos são graníticos e ricos em sílica. O portefólio da Quinta é composto por 22 vinhos, sendo 14 Tintos, 4 Brancos 1 Rosé e 3 Espumante Natural, todos eles com a marca Quinta dos Termos. Em 1993, terminados os arrendamentos, a Quinta volta novamente para a família na pessoa de João Carvalho, filho de Alexandre Carvalho, que resolve dar corpo ao projecto de viticultura actual. João Carvalho a partir de 1993, aliando a sua vida de empresário têxtil e de professor do Departamento de Ciência e Tecnologia Têxteis da Universidade da Beira Interior, decide meter mãos à obra e começa por reestruturar as vinhas. Adquire novas parcelas, ilhas isoladas no interior da Quinta e novos direitos de plantação, possuindo hoje cerca de 42 ha em plena produção e 12 ha em início de produção. A produção do vinho encontra-se certificada pelo regime de Produção Integrada.

O escritor e músico espanhol Vicente Espiñel escreveu: “O vinho dá força ao coração. Dá calor ao rosto. Tira a melancolia. Alivia o caminho. Dá coragem ao mais covarde. Faz esquecer todods os pesares.”

O Syrah da Quinta dos Termos 2015 tem a capacidade de fazer tudo isto! Merece que se beba mais do que uma taça…
Vamos a isso!

 

Classificação: 17/20                                                                      Preço: 10,45€

 

 

Quinta dos Plátanos, 100% Syrah, Lisboa, 2013

Foi já na distante data de Abril de 2016 que falamos sobre este Syrah pela primeira vez! Da Quinta dos Plátanos da aldeia de Merceana, Alenquer e do ano de 2013! Participou na entusiástica prova cega dos Syrah portugueses em Outubro de 2015 promovida em conjunto pelo Blogue do Syrah e os Cegos por Provas, onde em vinte e seis Syrah a concurso ficou brilhantemente em oitavo lugar! Era o único Syrah a concurso que ainda não estava no mercado! O oitavo lugar obtido provava bem as suas potencialidades! Uma semana antes da prova cega, o Blogue do Syrah, juntamente com alguns elementos dos Cegos por Provas e Tiago Paulo da Garrafeira Estado d´Alma tinham degustado este Syrah num final de tarde bem apelativo que nos deixou bem impressionados. Na prova cega também degustamos pela segunda vez este Syrah e contribuímos para o positivo resultado alcançado. Na altura faltava tratar dos rótulos. A indicação era que sairia pouco depois , ou seja, ainda em 2015, ou o mais tardar nos princípios de 2016! Ora o tempo foi passando e o Syrah da Quinta dos Plátanos nunca mais saía…Até agora! Muitas turbulências depois, aí está ele a ver a luz do dia na ponta final de 2018!

Este Syrah estagiou em barricas de carvalho francês e tem uma graduação alcoólica de 14,5%! Foram lançadas 1300 garrafas!

A Quinta dos Plátanos insere-se na Região Vitivinícola de Lisboa, com Denominação de Origem de Alenquer.
Cabeça de um vinculo instituído no século  XVII mantém-se desde então na família que sempre se dedicou à vitivinicultura. Uma das Quintas mais antigas do concelho de Alenquer, pertence, à freguesia de Aldeia Galega da Merceana. Pergaminhos não faltam e são de exaltar.

Mesmo assim, apesar de toda esta longa e rica história, a vocação desta quinta tem sido a de fazer vinho a granel, aliás como era apanágio destas quintas de Alenquer e arredores de Lisboa. Muita da produção vinícola da quinta é embalada e despachada em caixas, com torneirinha, de cinco litros. Será que foi isso que aconteceu, ou seja, que o nosso tão desejado Syrah, que só daria para umas duas mil garrafas, foi aproveitado para vinhos de corte, embalado em boxes de cinco litros?

Mostra ainda capacidade de maior evolução, mas o preço a roçar os vinte euros é algo exagerado! Vamos ver o que o mercado diz finalmente sobre este Syrah e as suas capacidades!

O médico Robert Noecker escreveu: “O meu único arrependimento na vida, foi não ter tomado bastante champagne.” Que não possamos dizer o mesmo ao Syrah e nomeadamente aos mais difíceis de aparecerem no mercado como foi o caso deste Quinta dos Plátanos 2013!

 

Classificação: 17/20                                                     Preço: 18,95€

 

 

Bolos e pães com sabor a Syrah? É a nossa aposta!

A Finger Lakes Wine Flour é uma empresa que criou uma linha de farinhas usando restos das uvas. Mais: a sua principal responsável, Hilary Niver-Johnson, garante que a farinha mantém o sabor dos varietais!

Damos desde já a deixa: apostar em farinhas de uva Syrah que tanto quanto sabemos ainda não existe!

A linha de farinhas desta empresa sui generis possui as variedades Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Pinot Noir, Riesling, Gewürztraminer e um “blend tinto”. Segundo Hilary, a farinha das uvas deve ser usada como complemento da farinha das receitas convencionais. Ela aponta ainda que os diferentes “sabores” mantêm os perfis de cada variedade.

“Temos tentado combinar cada farinha com uma fruta que mais chegue próximo do seu sabor. Combinamos Merlot com pratos de morango, Cabernet Sauvignon com amoras, Cabernet Franc com mirtilos, Gewürztraminer com pêssego, Riesling com maçã e Pinot Noir com cereja”, apontou. Sugere ainda misturar as farinhas em molhos de macarrão para adicionar sabor.

Que tal preparar um bolo com sabor de Merlot? Não, a ideia não é fazer uma infusão para misturar na massa, mas usar farinha da própria uva. Pelo menos é o que nos garante a  Hilary! As sementes são uma pequena percentagem do bagaço que é produzido nas vinícolas. A maior parte são peles, que possuem muitos nutrientes. É todo este bagaço que é utilizado para criar a farinha.

O mote está dado! Quem é que nos garante que não se poderão fazer coisas bem interessantes em termos de palato? Então se for de Syrah…!