Daily Archives: 06/09/2016

O vinho biológico é melhor do que o vinho convencional?

Hoje vamos falar de vinho biológico. E isto porque podemos perguntar com toda a propriedade: o vinho orgânico, ou biológico, como se quiser, sabe melhor que o vinho convencional? O senso comum diria que não. A questão “biológica” continua associada a temas alternativos e minoritários, como uvas pisadas com pés insalubres e mosto que se torna esquisito na garrafa.

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Mas talvez se deva repensar esta imagem. Um estudo recente da UCLA, Estados Unidos, publicado no Journal of Wine Economics, conclui que o vinho biológico sabe melhor, tal como foi avaliado em pontuações por alguns especialistas e críticos de vinho. Os autores do artigo – Magali Delmas, Oivier Gergaud e Jinghui Lim – analisaram as classificações de mais de 74000 vinhos da Califórnia, de entre 1998 e 2009, publicados em 3 revista conceituadas: Wine Advocate, Wine Spectator e Wine Enthusiast, tudo gente de peso. E descobriram que a etiqueta “eco-certified”, biológico, diríamos em Portugal, se pontuou significativamente acima de outros vinhos, e que as respectivas análises usavam de palavras mais positivas sobre eles.

Eis então porque esta descoberta pode ser importante: todas as três revistas usam o método de prova cega nas suas classificações, portanto os analistas não sabiam de antemão o que estavam a provar. Os métodos usados pelos autores do estudo seguiram estatísticas rigorosas para calcular a variação entre anos, portanto o resultado é atribuído apenas à certificação ambiental. E também se considerou que muitos produtores não mencionam essa certificação por recearam precisamente o preconceito em relação ao biológico.

O problema da definição do parâmetros orgânicos não está muito bem definido nos Estados Unidos mas em Portugal sim, segundo as regras da União Europeia. Assim, basicamente não são permitidos fertilizantes, pesticidas, herbicidas, fungicidas ou fumegantes de origem química e sintética (químicos de síntese), não se permite o uso de antibióticos, reguladores de crescimento ou OGMs e a utilização de cobre tem limites máximos. Igualmente a quantidade de sulfitos adicionados está muito abaixo do que usa no vinho convencional.

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De qualquer maneira podemos sempre achar que a simples certificação biológica não é garantia de qualidade. Mas a nossa opinião, bem fundamentada, é que o Syrah biológico se apresenta mais vivo em sabor e paladar no todo, mais compulsivo do que os produzidos pelo método convencional. Igualmente as adegas que o produzem tendem a ser espaços mais pequenos e familiares, onde há mais atenção aos pormenores e à qualidade dentro de uma ideologia artesanal. Podemos com orgulho referir alguns Syrah biológicos, feitos em Portugal, que obtiveram da nossa parte altíssima classificação, e que se encontram entre os nossos preferidos, como por exemplo o Dona Dorinda e Quinta da Caldeirinha!

Pode igualmente ser consultada a lista de todos os Syrah portugueses biológicos de que temos conhecimento.

Poderemos assim terminar por hoje, dando a volta a uma conhecida citação:
Não somos Enólogos.
O Enólogo diante de um copo de Syrah toma uma decisão.
Nós, diante de decisões, tomamos um copo de Syrah… Biológico, se puder ser!