Daily Archives: 24/09/2016

Homenagem a José Pombinho, um grande amante da casta Syrah e dos Syrah portugueses

jose-pombinho

Foi com uma grande mágoa que o Blogue do Syrah  teve conhecimento do desaparecimento prematuro do José Pombinho, alentejano de Elvas, mas a viver em Évora há anos!

Não tivemos a possibilidade de conhecer o José ao vivo, mas trocamos desde o nascimento do Blogue do Syrah imensa correspondência com ele, tendo como tema constante a nossa paixão comum pela casta Syrah e pelos Syrah portugueses! O Blogue do Syrah acaba de perder um dos seus mais eminentes leitores e apoiantes, que desde a primeira hora mostrou um grande interesse e carinho pelo projecto do Blogue do Syrah.
Já está reservado um Syrah alentejano topo de gama para ser aberto e bebido em homenagem ao José Pombinho.
Está a ser um fim de semana muito triste!

Como exemplo ilustrativo do que dissemos, reproduzimos uma das muitas conversas que tivemos ao longo destes últimos dois anos. Esta é datada do dia 11 de Setembro de 2015. O José iria gostar!…

José Pombinho,
obrigado pelo seu mail!
Já leu a adenda ao texto da Quinta do Caldeireiro?
Vamos ter novo Syrah no final de 2016!
Agora é só saber esperar…
Quanto ao Grande Comenda, também falei com o Nuno Lopes que me disse que o syrah só iria para o mercado para o próximo ano!
É assim, as coisas boas precisam de tempo, e nós enófilos, precisamos de ter muita paciência…
 Um abraço
e até breve!
Francisco Trindade

Caro Francisco Trindade
 O último post sobre o Quinta do Caldeireiro, soube-me a “tirar-me as palavras da boca” …
Para mim, foi a iniciação aos Syrah’s e, de tal maneira marcante, que virou contágio .
Sou amigo do José Abelha e do irmão Baltazar; soube por este – que me ofereceu uma caixa para provar –  da existência do néctar , e que o irmão estava a vender ( em saldo – 5£€ a caixa , para um mínimo de 3 cx ! ) o resto da produção . Esta foi a promoção final do vinho que chegou a estar a 17/18 € na loja que o José Abelha tinha com o irmão.
Provado o dito, espalhei pelos meus colegas aqui da Universidade e “rebentámos” autenticamente com 1000 e muitas unidades; de tal modo que, quando em Janeiro de 2014 procurei por mais e porque  já não tinha ( família, amigos, etc ), o José Abelha diz-me : “ desculpa lá amigo, mas temos apenas 60 garrafas e decidimos que vão ficar para a família … “.
Portanto, duvido que ainda exista algum exemplar deste vinho. Mas para mim, não por ser o primeiro, ele figuraria como nº1 de tudo o que vou provando :
 1 – Caldeireiro
2 –  Cortes de Cima – Incógnito
3 – Cortes de Cima – Anderson
4 –  D. Dorinda 2011
5 –  Maroteira – Cem Reis
6 – Comenda Grande
7 –  D. Dorinda 2012
 Sempre discutível, naturalmente …
E .. vamos ver o que aí vem, Mil Reis, Comenda Grande,etc
 De fato esta região é fantástica para a produção de bons vinhos desta ( e doutras ) castas!
 Ainda quanto a esta vinha da Quinta do Caldeireiro, o José Abelha ( família Câmara Manoel ) alugou-a ao enólogo do vinho ( Manuel Ferreira ) que agora produz, naquela e noutras vinho próprio. Hei-de contatá-lo para “apalpar” a situação.
 Abraço, amigo !
 Obrigado por continuarem com esta vossa contribuição para o conhecimento colectivo daquilo que é BOM !
 José Pombinho


 

Vinho: são os aditivos sempre algo negativo?

Mais  do que nunca os aditivos são usados na confecção de vinho em todo o mundo. O que explica o facto de o vinho ser hoje melhor do que nunca! Será? É sobre isto que vamos divagar hoje.

aditivos_vinho

O verdadeiro problema é que nenhum fabricante de vinho quer admitir o uso de aditivos, qualquer que seja a circunstância. Mas fomos levados a pensar neste assunto quando ouvimos dizer que por vezes se usa Goma Arábica nos vinhos menos caros, e mesmo assim elogiámos o resultado final. Preocupante!

A Goma Arábica, às vezes chamado de goma de guar, é um subproduto da Acácias e ajuda a lidar com taninos desagradáveis em vinhos tintos que de outra forma se apresentariam rudes e pouco apurados. É também largamente usada na produção de muitos alimentos.

A nível de aditivos em geral, existe o muito usado Sulfuroso, mas são poucos os produtores que admitem o uso de aditivos. Geralmente a conversa começa sempre com algo do tipo, ‘Só entre nós…’. Mesmo nas nossas muitas visitas a adegas, se estão lá os volumes de aditivos, eles nunca são mostrados, encontrando-se em algum lugar secreto longe da vista. Há apenas um aditivo apresentado com orgulho: os barris de Carvalho Francês! Este sim utilizado nos vinhos mais caros, cujo aditivo natural, resultante do contacto com o vinho, e que vem da madeira, produz aquela melhoria que os torna especiais. Existe de facto uma certa ‘caixa negra’ com todos aqueles elementos que se juntam ao vinho para o melhorar, por assim dizer. O objectivo será beneficiar o consumidor, para que o vinho tenha aquela coisa especial que certamente não vem da uva em si.

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No caso da casta Syrah, a nossa casta, não estamos a ver como seja possível melhorar o que já é excelente. Mesmo no Syrah biológico, que por lei é obrigado a ter um controle estrito sobre os aditivos, os resultados são sempre acima da média.

Nos últimos anos tem-se falado muito sobre a ampla utilização de um aditivo chamado ‘mega roxo’ na produção de alguns vinhos tintos topo de gama. O objectivo é apenas escurecer a cor, e nós achamos que no fundo o aroma final fica alterado, e isto sim achamos muito negativo.

Todo este tema pode ser bastante ambíguo e polémico. Quando utilizados de forma adequada os aditivos podem levar uvas medíocres a produzir vinho de baixo custo de qualidade aceitável. Já nos foi dito que o vinho hoje em dia é exageradamente manipulado, elevando a qualidade dos vinhos de gama baixa. Achamos que o uso de aditivos no mundo do vinho devia ser assumido e mesmo divulgado, como aliás o é em toda a indústria alimentar.

Na verdade, cada um deve estar orgulhoso por ter feito o uso adequado de algo que torna o vinho mais apetecível para todos os consumidores. Goma Arábica pode realmente deixar um vinho com um pouco mais de doçura em relação às uvas utilizadas, mas se a alternativa não era muito atraente, não é o consumidor que fica a beneficiar, e a adega a ganhar?

Quem sabe mais do que nós sabemos e contámos que diga e comente.