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A região dos grandes Syrah portugueses…

Ajuda, Herdade da Ajuda, 100% Syrah, Alentejo, 2017

Em primeiro lugar queremos desde já dar os nossos parabéns à Herdade da Ajuda que apesar de ter Syrah há mais de dez anos só agora é que avançou decididamente para a feitura de um monocasta Syrah. Em 2007 e 2009 tinham feito um blend de Syrah com Touriga Nacional mas só com a vindima de 2017 é que avançaram com um Syrah a 100%. Esta primeira colheita tem cerca de 10000 garrafas, mais precisamente 9970!

As notas de prova dizem que se trata dum Syrah de “cor violácea opaca, com aromas de frutos pretos muito maduros e taninos sedosos, que lhe proporcionam um bom volume de boca e um final prolongado.” A graduação alcoólica é de 14,5%! A enologia é da responsabilidade de António Ventura e de Alberto Capitão.

A Herdade da Ajuda está situada na freguesia e concelho de Vendas Novas, distrito de Évora e distanciada de 77Km de Lisboa, com uma acessibilidade por autoestrada.

Tem uma área cadastral total de 355,9ha, cujo ordenamento cultural assenta em manchas de vinha, sobro, azinho, cultura arvense que serve de base a produção de alimentos para satisfazer um efectivo pecuário de 246 ovelhas e 8 carneiros.

Detém uma área total de vinha de 135ha,dos quais, 26ha de castas brancas e o restante 109ha de castas tintas.

Castas Brancas:

Antão Vaz, Arinto, Verdelho, Ugni Blanc, Moscatel Graúdo, Sauvignon Blanc e Semillon

Castas Tintas:

Touriga Nacional, Trincadeira, Castelão, Aragonez, Cabernet Sauvignon, Alicante Bouschet, Petit Verdot e obviamente Syrah!

Relativamente aos aspectos climáticos, ocorrem precipitações Médias Anuais de 502, 75 mm (em anos secos) e 667, 40 mm (em anos médios), acompanhada de uma temperatura média anual de 15,8ºC. Tem uma influência Mediterrânica, mas já com uma marca Atlântica, devido a alguma proximidade do mar.

Todo o ordenamento da vinha se encontra beneficiada hidricamente, através de um sistema de rega gota a gota. A condução do solo assenta na não mobilização com enrelvamentos naturais com o objectivo de beneficiar a estrutura do solo, aumentar a taxa de matéria orgânica no solo, capacidade de infiltração de água, diminuição da libertação de CO2 e preservação da flora espontânea que, ao servir de abrigo a espécies importantes promove o equilíbrio biológico do ecossistema vinha.

As vindimas iniciam-se habitualmente na segunda quinzena de Agosto e prolongam-se por todo o mês de Setembro. Na determinação deste período contribuem decisivamente as condições climatéricas ao longo do ciclo da cultura, desde o repouso vegetativo até a maturação fisiológica, salientando no entanto que, a par dos factores climáticos, os factores agronómicos podem favorecer ou condicionar a evolução das maturações num regime gradual e equilibrado. A produção média das vinhas ronda os 55 a 60HL de vinho por Hectare, sendo a média do teor alcoólico na ordem dos 12,5 a 13%, para o caso dos brancos, podendo variar nos tintos, entre os 13% e os 14,5% de Volume.

A actriz e escritora britânica Joan Collins escreveu que: “A idade é somente um número e totalmente irrelevante a não ser que você seja vinho.” O Syrah da Herdade da Ajuda de 2017 é um Syrah muito jovem, mas neste momento já bebível com prazer e gosto mas que apresenta um longo caminho evolutivo que será agradável ter presente e seguir com regularidade!

 

Classificação: 16/20                                                     Preço: 7,50€

QP., Marcolino Sebo, 100% Syrah, Alentejo, 2015

Andamos com ansiedade atrás de novas colheitas de Syrah do ano de 2015 por dois motivos principais: Primeiro porque há várias colheitas que não viram a luz do dia e isso irá acontecer ainda ao longo deste ano de 2018! Segundo, porque como temos dito e redito o ano de 2015 é o melhor do século, até ver, para os Syrah portugueses e naturalmente quando temos conhecimento da saída para o mercado de uma nova colheita deste ano já mítico, não descansamos até conseguirmos a primeira garrafa! Isto vem a propósito de já sabermos que está no mercado uma nova colheita do Syrah Marcolino Sebo da Quinta da Pinheira e do ano de 2015! Lá está o ano mítico a fazer das suas e a explicar a classificação dada a este Syrah que torna esta colheita como a melhor das três! Se calhar, por isso mesmo, temos novos rótulos a embelezar a garrafa deste Syrah de Estremoz!

As notas de prova dizem-nos que se trata dum vinho “de cor vermelha púrpura e aroma complexo de frutos pretos madutos, especiarias, cacau e baunilha. Após um estágio de 6 meses em barricas novas de carvalho francês, sobressai um vinho denso com forte estrutura e taninos suaves, com final de prova prolongado.” Tem uma graduação alcoólica de 15%, tal como as duas colheitas anteriores! O enólogo de serviço é Jorge Santos!

A casa Marcolino Sebo é uma empresa familiar que está ligada à área da viticultura há mais de 30 anos, sendo a sua constituição oficial datada de 1975. Ao longo deste tempo e espaço houve uma dedicação em pleno à viticultura, sendo as uvas entregues na Adega Cooperativa de Borba, mas com o crescente aumento da área de vinha e o sonho do proprietário da empresa – Marcolino Sebo – de produzir o seu próprio vinho surgiu o projecto de criar uma adega própria. Foi no virar do século XX, no ano 2000, que Marcolino Sebo, contando com 130 hectares divididos por sete parcelas de vinha situadas entre Borba e Estremoz, caracterizadas pelos solos argilo-calcários e argilo-xistosos, começou a vinificação das suas uvas, tendo o engarrafamento e comercialização do seu vinho ocorrido no ano de 2001. A área encontra-se dividida por cinco parcelas, entre as quais: a Quinta da Pinheira, Monte da Vaqueira, Monte do Estevalinho, Herdade da Cerca e Herdade do Olival. E é precisamente na Quinta da Pinheira, como já se percebeu, que encontramos este nosso bem amado Syrah, sendo a partir daí que todas as acções são coordenadas. A freguesia é Arcos e o concelho é Estremoz.

De referir ainda que o Syrah da Quinta da Pinheira é exportado para a China com o nome de Infinitae Syrah, nome eloquente de que gostamos, mas ao contrário do que inicialmente chegamos a pensar, trata-se do mesmo Syrah numa outra garrafa e com outro rótulo.

A adega Marcolino Sebo conta com um edifício moderno com traça Alentejana bem marcada, onde se utiliza a tecnologia moderna baseada em métodos tradicionais antigos, onde se produz o vinho. Em termos materiais tem cerca de 60 cubas das mais diversas capacidades, perfazendo uma capacidade total de 1.400.000 litros. Em termos humanos conta com uma vasta equipa de trabalho, desde o trabalho de campo até à comercialização do produto final, passando pela enologia com o apoio do enólogo Jorge Santos. A cave da adega encontra-se semi-soterrada, o que lhe confere uma temperatura ambiente e humidade constantes durante todo o ano e proporcionando um ambiente ideal para o envelhecimento de vinhos.

O poeta grego Alceu de Mitilene do século VI antes de Cristo escrevia: “Não plante outra árvore sem primeiro ter plantado uma videira.” Estamos de acordo e acrescentaríamos: Uma videira da casta Syrah, pois claro! Vamos agora beber mais uma taça deste Syrah que nos vai ficar na memória sem margem para dúvida!

 

Classificação: 18/20                                                                         Preço: 7,49€

Monsaraz Syrah, Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz, 100% Syrah, Alentejo, 2011

Falámos deste Syrah de 2011 do Alto Alentejo pela primeira vez naquele que parece já o longínquo ano de 2015! E que evolução que sentimos estes três anos! Na altura era um Syrah que passava despercebido, tanto que preferíamos o seu irmão Carmim Syrah, hoje infelizmente descontinuado! Hoje está bem mais viçoso, exuberante mesmo! Vale a pena voltar a ele! E foi o que fizemos!

O Monsaraz Syrah é produzido pela Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz.Reguengos de Monsaraz é uma terra que nos deu nestas duas décadas de Syrah em Portugal, vários Syrah verdadeiramente exuberantes.

As notas de prova do Monsaraz Syrah dizem-nos que se “apresenta-se com uma cor rubi, com aromas de fruta preta madura e algumas notas de baunilha, coco e chocolate, em boca é amplo, fresco com taninos firmes e um final de prova prolongado.” Tem 14% de graduação alcoólica. O estágio é realizado 50% barrica nova e 50% barrica de segunda utilização de carvalho francês durante 12 meses. Após engarrafamento, o vinho estagia em garrafa durante 6 a 8 meses.

A CARMIM – Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz – foi criada em 1971 por um grupo de 60 viticultores. Quarenta e seis anos depois, a qualidade dos vinhos CARMIM impõe-se aos apreciadores. Possui actualmente cerca de mil associados e produz 24 referências de vinhos dos brancos aos tintos, dos jovens aos reservas, passando pelos licorosos, rosé ou espumantes. Também produz aguardente e azeites de reconhecida qualidade.

Os vinhos da CARMIM já foram distinguidos com mais de duzentos e cinquenta prémios em vários concursos nacionais e internacionais. Recentemente o Espumante Monsaraz, uma das novidades mais recentes da empresa, foi galardoado com o Prémio Nacional Embalagem Alimentar e Bebidas 2007, atribuído pela Alimentaria Lisboa 2007 pela sua incorporação de linguagem Braille no rótulo. A qualidade da matéria-prima, oriunda de uma região de denominação de origem, é uma das mais-valias desta Cooperativa; a par do capital humano e de um complexo agro-industrial de 80.000m2 dotado da mais alta tecnologia. Existe uma capacidade de recepção de um milhão e duzentos mil quilos de uva por dia, engarrafamento de quinze mil garrafas por hora e armazenamento até trinta e dois milhões de litros, o que transforma a CARMIM na maior adega do Alentejo e numa das maiores do País! Detém 7 marcas, todas elas já bem conhecidas do grande público, de onde se destacam Terras D’El Rei, Reguengos DOC e Monsaraz DOC.

A área geográfica da sub-região vitivinícola de Reguengos abrange todas as freguesias do município de Reguengos de Monsaraz, que são, Reguengos, Corval, Monsaraz, Campo e Campinho e ainda parte das freguesias de Montoito e S. Vicente do Pigeiro de municípios limítrofes. A topografia de uma maneira geral é de encosta ligeira e planície e a exposição dominante das vinhas é sul.

Quanto às castas tintas a Carmim produz a Trincadeira e a Aragonez; A Castelão, a Moreto, a Alicante Bouschet, a Carignan, a Syrah naturalmente, a Tinta Caiada, a Cabernet Sauvignon, a Alfrocheiro e a Touriga Nacional. Nas castas brancas a Síria, a Rabo de Ovelha, a Diagalves, a Manteúdo, a Perrum, a Antão Vaz, a Arinto, o Alvarinho, o Gouveio e a Fernão Pires. Dos cerca de 3.600 ha de vinha cadastrada, mais de 85% são em cultura extreme, havendo o cuidado de distribuir as castas por talhões, o que permite a optimização das vindimas no que respeita à maturação. A área existente é constituída por 79% de castas tintas e 21% de castas brancas.

A exportação representa 7% do volume de vendas total, em quantidade e em valor, e existem acordos de parceria celebrados com 34 distribuidores internacionais, espalhados por países como Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Inglaterra, Irlanda, Luxemburgo, Noruega, Polónia, República Checa, Suiça, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Canadá, E.U.A., Brasil, Venezuela, Índia, Japão, Macau, Austrália.

O escritor Carlos Arruda escreveu: “O vinho é o melhor lugar para se encontrar com os amigos.”Então com amigos, voltemos a este Syrah de 2011!

 

Classificação: 17/20                                                             Preço: 8,50€

 

 

Monte do João Martins, Miraldino Filipe Mendes & Cª, Lda, Reserva, 100% Syrah, Alentejo, 2014

Esta é uma revisitação de um Syrah já analisado aqui! E qual a necessidade de voltar a ele? É que está melhor! Bastaram seis meses para nos apercebermos desta evolução! E o Blogue do Syrah faz o possível para estar atento a estas evoluções respeitantes nomeadamente a Syrah topo de gama!

Esta é a terceira colheita deste grande Syrah de um pequeno produtor!
A colheita de 2011, assim como a colheita de 2012, foram consideradas topo de gama pelo Blogue do Syrah!
O ditado popular diz que “não há duas sem três!” e esta terceira colheita vai pelo mesmo caminho!
A anterior de 2012 ombreou com alguns dos melhores Syrah portugueses e franceses numa prova cega patrocinada e levada a cabo pelo Blogue do Syrah e obteve um segundo lugar que poucos no início da prova poderiam vaticinar. O Syrah francês que ganhou apenas o ultrapassou por uma diferença de 0,16 de ponto! Este é um Syrah que é preciso ter sempre presente em qualquer prova em que os Syrah portugueses estejam em confronto com Syrah de outros países!

E é neste monte do concelho de Portalegre que encontramos um Syrah de qualidade superior, em nosso entender, com uma produção limitada. É um Syrah com uma graduação alcoólica de 14,5%, e as notas de prova dizem-nos que “é um vinho de aromas e frutos silvestres e especiarias. Na boca tem frutos pretos em harmonia com notas de baunilha e tostados. É equilibrado, perfil persistente e complexo.” Estagiou 12 meses em barricas novas de carvalho francês. No Monte do João Martins o conceito de Reserva pretende seleccionar todos os anos a casta que melhor se evidenciou. A distinguida de 2014 é justamente a nossa casta Syrah! Produção limitada a 1213 garrafas! Esta que foi degustada com todo o prazer era a 1073!

O Monte do João Martins situa-se no Norte Alentejano, freguesia de Carreiras, entre Portalegre e Castelo de Vide, e junto ao maciço da Serra de São Mamede, ponto mais alto de Portugal a sul do rio Tejo. Inserido numa região do nosso país culturalmente muito rica, guarda, entre os seus muros de pedra, segredos milenares. Escondidos entre o montado de sobreiros e formações rochosas, podemos observar desde logo alguns importantes vestígios megalíticos, como algumas mós neolíticas, onde se moíam os cereais para fazer farinha há milhares de anos. A par desse passado longínquo, falar do Monte do João Martins no presente, implica falar dos testemunhos da presença do homem nos nossos dias. Com uma pequena área de vinha, 5,5 hectares, com castas tintas Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Syrah e Aragonez e brancas, Alvarinho, Arinto e Viognier, fazem-se na adega que foi construída no Monte, os melhores vinhos de quinta brancos e tintos que têm merecido algum reconhecimento dos consumidores, bem como das revistas da especialidade.

Porquê o nome de João Martins?
João Martins, lavrador, nascido por volta de 1481 e morador nos “Montes do Carreiro” (hoje Carreiras, no concelho de Portalegre), foi nomeado em 1511 pelo rei D. Manuel I “besteiro do monte”, competindo-lhe assim a segurança da população residente no seu meio rural. A herdade que terá recebido o seu nome reserva, entre os seus limites, dos vestígios humanos mais remotos dessa parte do Norte Alentejano, entre os quais se destacam mós neolíticas, uma anta e restos de povoamento da Alta Idade Média, nomeadamente os denominados chafurdões. Possui ainda vestígios de construções mais recentes talvez do século XV. A Adega está planificada de forma concisa e muito funcional. Tem uma forte ligação entre os métodos tradicionais de vinificação na região com a tecnologia necessária às melhores práticas enológicas disponíveis. Sendo a matéria prima, uva, tratada com o máximo respeito, as vindimas são feitas pela manhã em caixas de 12 a 15Kg transportadas para a adega que se encontra lado a lado com a vinha. As vinificações são feitas em lagares de inox com temperaturas controladas. A adega possui também uma zona destinada ao estágio do vinho em barricas e também em garrafas.

Robert Mondavi um homem conhecido do mundo dos vinhos internacional disse: “Vinho ideal é aquele que o final da garrafa vem seguido de lamentações.” Se esse Syrah for do Monte do João Martins então não temos a mínima dúvida da veracidade da afirmação do produtor!

 

Classificação: 19/20                                                   Preço: 19,95€

Monte da Colónia Rosé, Monte da Colónia, 100% Syrah, Alentejo, 2015

Esta é a segunda vez que apresentamos este rosé do alentejano Monte da Colónia. A primeira vez foi aqui e do ano de 2013!

O tinto é bem melhor que o rosé, mas essa é a nossa opinião em relação a todos os Syrah tintos por oposição aos Syrah rosés! De qualquer das maneiras falamos dele até porque já estamos na Primavera e o Verão vem a passos acelerados!

Esta herdade, com um total de 600 hectares, foi fundada em 1980 pelos pais dos actuais gestores da empresa, que com muita ambição e espírito de equipa decidiram arriscar e erguer uma ideia que  ainda hoje se mantém no mercado. Sediados em Vale de Seda/Fronteira, são essencialmente uma quinta multivalente de cariz familiar mas virada para a inovação em várias área de negócio, tendo como base a produção e transformação de produtos cultivados no próprio local, azeite, azeitonas de conserva e vinhos, bem como a criação de gado bovino e ovino.

A escolha do nome Monte da Colónia está ligado ao nome original da propriedade e sua vocação primeira, sendo usado nos produtos azeite, azeitonas e vinho, como instrumento de marketing do turismo rural e vice-versa. Em 2009 foi aberta uma loja, junto do lagar, da adega e a fábrica de azeitonas de forma a comercializar não só os produtos próprios como também os de outros produtores, procurando sempre produtos diferentes e de qualidade, produtos regionais, gourmet, Dop, biológicos, e ainda dando a possibilidade de quem visita a loja poder usufruir de um ambiente acolhedor, atendimento personalizado, respirar o ar puro do campo e o verde das vinhas.

O nosso Rosé de hoje, feito integralmente de Syrah, apresenta uma graduação de 13%, e dizem os produtores que se trata de um “Vinho fresco com óptima presença aromática, acidez bem integrada e final de boca muito agradável . Ideal para acompanhar entradas frescas, peixes grelhados e mariscos.” Nota-se o cheirinho da nossa casta favorita na sua devida extensão, dadas as características aligeiradas na confecção de um rosé, e dentro do que se considera uma bebida suave e fresca cumpre bem a sua função, embora não cheguemos ao ponto de o considerar um expoente maior na sua categoria. Não iremos desprezar novas safras, sobretudo se vierem um pouco mais apuradas de profundidade rosada.

O escritor francês François Rabelais escreveu:”O vinho alegra o coração do homem. Jamais um homem nobre odiou o vinho.”

Este é um Syrah para beber num belo dia de sol à beira-mar com uma boa companhia e poderá ser o suficiente para alegrarmos o coração!

 

 

Classificação: 15/20                            Preço: 5,95€

CEM REIS, Herdade da Maroteira, 100% Syrah, Alentejo, 2016

O Cem Réis é indiscutivelmente o Syrah português mais famoso de todos os que existem!
Hoje podemos afirmar isso com toda a segurança!
Não há um vinho português que desperte tal desvario vinícola como este Cem Réis da Herdade da Maroteira!
Nem mesmo o célebre Barca Velha da Casa Ferreirinha desperta tal interesse e tal desatino como este Syrah! Sigam o nosso raciocínio. O último Barca Velha do ano de 2008 foi lançado no último trimestre do ano passado. Hoje passados oito meses, quem o quiser comprar consegue encontrá-lo em muitas garrafeiras de norte a sul do país. Certo?
O mesmo não podemos dizer do Cem Réis. Quando começámos esta aventura do Blogue do Syrah há quatro anos não nos passaria pela cabeça que uma situação semelhante pudesse alguma vez acontecer. Mas a verdade é que está a acontecer!

O lançamento oficial do Cem Réis 2016 foi no dia 8 de Junho passado. No dia do lançamento já estava esgotado no produtor! Mais, já estava esgotado no produtor desde Novembro do ano passado! Não nos lembramos de algum vinho onde isto tenha acontecido… pelo menos nestes anos mais recentes!

É verdade que por várias circunstâncias a produção que durante anos tinha vindo a aumentar agora desde há dois anos está a diminuir e de um modo constante. Do Cem Réis 2014 saíram vinte mil garrafas. Do 2015 já só saíram treze mil e com este Cem Réis 2016 saíram dez mil garrafas. O que quer dizer que em dois anos o número de garrafas baixou para metade quando a procura se em 2014 já estava alta, hoje ultrapassa o inimaginável!
O preço também tem paulatinamente subido o que era expectável! Não duvidamos que o Cem Réis de 2017 atinja pelo menos os trinta euros, senão mais.

Vai de seguida uma confissão: O texto do Cem Réis 2015 é o texto do Blogue do Syrah mais lido de todas as centenas de textos sobre Syrah que já escrevemos desde o início do Blogue em Setembro de 2014 e isto também não pode deixar de ter significado!

A Herdade da Maroteira está localizada no recanto da Serra D´Ossa, a 20km de Estremoz e a 35km de Évora. É uma das propriedades agrícolas pertencente a uma das famílias Anglo-Portuguesa estabelecidas na Região do Alentejo, há mais de cinco gerações. Abrangendo uma área de 540 hectares, dedica-se à preservação do montado de sobro e azinho, ao turismo, através de três unidades de alojamento, e à vitivinicultura. A primeira colheita deste fantástico Syrah é de 2005 – a grande parte da produção é efectivamente para o mercado interno e somente qualquer coisa como cinco por cento é que vão para o mercado externo.

Produzido na região alentejana, na terra mítica do distrito de Évora, e vinificado a partir das melhores uvas de casta Syrah, este vinho estagiou 16 meses em barricas de carvalho francês (50%) e em carvalho americano (50%). Tem uma graduação alcoólica declarada de 16%. Mas o Blogue do Syrah conseguiu apurar que a graduação real é de 15,9%. As notas de prova dizem-nos que tem “Cor violeta escuro concentrado. Nariz exuberante, notas quentes de frutos pretos com notas mentoladas, terminando com notas a amêndoas tostada da barrica. Na boca o ataque é cheio, redondo quente e carregado de aromas. Estrutura firme com boa persistência.” A estrutura assemelha-se ao 2015! Logo na boca o enófilo percebe que está a beber o Cem Réis! Mas no final tem aquele toque mágico que o Blogue do Syrah costuma referir-se quando fala de Syrah que por esse facto merecem a nota perfeita! Este 2016 exala um perfume em contínuo que deixa o enófilo enebriado! É como certos perfumes em certas mulheres. E esta é a melhor maneira que temos para descrever o que experimentámos e o que sentimos! Por aquilo que já é este Syrah e por aquilo que já mostra em termos de capacidade de evolução não podemos deixar de dar a este Syrah “uma pontuação perfeita“.(Robert Parker) O enólogo responsável é, uma vez mais e sempre António Maçanita. O Blogue do Syrah está convencido do seguinte: Maçanita deve ter faltado às aulas de enologia em que os professores ensinavam os alunos a fazer maus vinhos! O clima que dá origem a este Syrah é típico do mediterrâneo continental ou seja, dias quentes e secos, com noites muito frias. Os solos como já é habitual para a nossa casta são muito pobres de origem xistosa ou granítica.

Diz o escritor João Filipe Clemente que “Um vinho sem adjectivos é um vinho mudo e sem alma.” Carregado de alma e sonoridade é o que não falta ao Cem Réis tendo em conta o alarido justificável sobre o que se tem dito sobre ele.

Parabéns ao trio de luxo que está por detrás desta maravilha: António Maçanita, Philip Mollet e ao Anthony Doody, os marotos da Maroteira, como já lhes chamámos. Quer se queira quer não já fazem parte da história da casta Syrah em Portugal!

 

Classificação: 20/20                                                                     Preço: 25,00€