Rosa Brava, Campolargo, 100% Syrah, Bairrada, 2004

brava_garrafa

Vamos hoje falar de um Syrah da Bairrada, mais precisamente da Mealhada, de que conhecíamos a existência, elaborado pela empresa Campolargo, mas que sabíamos já indisponível. Isto foi em 2013, pelo que logo pensámos nunca iríamos conseguir sorver tal néctar. Tentámos um contacto telefónico com o produtor, que na altura confirmou o sabido, e mais nos disse que tinha sido safra única, de apenas 700 garrafas.

Mas a história ainda não tinha acabado. No passado Julho, na feira de vinhos biológicos de Lisboa, que decorreu na esplanada do restaurante “À Margem”, em Belém, eis que nos apercebemos da presença dos vinhos Campolargo, ali mesmo à nossa frente. Foi aquele frémito de esperança, havia que voltar a convocar o não olvidado Rosa Brava Syrah!

brava_herdade

E qual não foi o nosso espanto quando o amável produtor ali presente, Carlos Campolargo, nos confidenciou que tinha ainda em seu poder algumas caixas desse Syrah, que nunca antes nem depois a Campolargo se tinha abalançado fazer! Logo os contactos foram estabelecidos e hoje estamos em condições de podermos falar com conhecimento do Rosa Brava, e com toda a propriedade.

Em conversa com Pedro Cunha Martins, do Clube de Vinhos Winept, e que esteve ligado à ideia do Rosa Brava Syrah, foi-nos então contada a história do nome e do Rosa Brava. O nome é derivado de um romance histórico do escritor e jornalista José Manuel Saraiva, exactamente com o nome “Rosa Brava”. Para o lançamento do livro a editora teve a ideia de desafiar a Campolargo a produzir uma edição limitada de um vinho que teria o mesmo nome e que teria que ser algo de distinto! Daí surgiu o Syrah Rosa Brava, que foi divulgado juntamente com o livro no restaurante lisboeta “A Vírgula”.

No entender de João Paulo Martins, trata-se de um Syrah de “cor fechada, aroma especiado a pimenta preta, terra e pedreneira. Na boca mostra todo um lado austero de forte personalidade, muito mineral. A precisar de ser consumido com calma pois tem uma longa vida à sua frente. É pena que haja tão poucas garrafas.” Estamos de acordo, sobretudo com a última frase! E tem uma graduação alcoólica de 13,5%.

Apresentamos de seguida a sinopse que acompanhava o lançamento do livro Rosa Brava:

“Em 1368, D. Leonor Teles de Menezes, a mulher mais desejada do Reino, casa com o morgado de Pombeiro, D. João Lourenço da Cunha. O matrimónio é imposto por seu tio, D. João Afonso Telo, conde de Barcelos. Mulher fora do tempo, aceita contrariada o casamento, que a melancolia da vida do campo não ajuda a ultrapassar. Por isso, decide abandonar o marido e parte para Lisboa, para gozar a vida de riqueza e luxúria que a Corte proporciona. Perversa e ambiciosa, não tem dificuldade em seduzir o jovem monarca, D. Fernando, alcançando, desse modo, o poder que sempre desejou. Mas a nobreza, o clero e o povo não veêm com bons olhos esta aliança de adultério com o Rei. E menos ainda quando a formosa Leonor Teles se envolve com o conde Andeiro… “Rosa Brava” é um romance baseado na investigação histórica que, por entre intrigas palacianas, traições, assassínios e guerras com Castela, reinventa, numa linguagem cativante, uma das personagens mais fascinantes da História de Portugal.”

Louis Pasteur, mais uma vez ele, o cientista e poeta do divino néctar, e aliterado ao nosso modo, dizia que:
“O sabor de um Syrah é como uma poesia delicada.”
Depois de termos deambulado por este Rosa Brava Syrah, poderíamos dizer, por analogia, que o talante de um bom Syrah é como um romance histórico: fica na História!

 

Classificação: 17/20                                                     Preço: 16,95€


 

Leave a Reply

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.