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Monte da Caçada, Casa Santos Lima, 100% Syrah, Lisboa, 2014

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A Casa Santos Lima é o maior produtor de “Vinho Regional Lisboa” e “DOC Alenquer”, o que faz que seja o maior produtor de vinhos da região de Lisboa. Como tal a Casa Santos Lima teria que ter o seu Syrah, e ainda bem. Mas a partir de agora passa a ter dois Syrah. O Syrah da Casa Santos Lima, de que podemos encontrar no mercado a colheita 2012, e agora este Monte da Caçada 2014, que saiu há relativamente pouco tempo para nossa satisfação!

Isso acontece porque apesar do preço ser relativamente superior ao do seu “irmão”, a qualidade supera, e muito, a diferença de preço. As notas de prova falam de um vinho “de cor rubi, bem definida, com intensos aromas a fruta madura como ameixas e frutos do bosque bem casados com suaves notas de carvalho. Combina na perfeição com comida e tem uma excelente capacidade de envelhecimento.” As uvas, previamente desengaçadas, passaram por uma maceração pré-fermentativa a baixas temperaturas durante 24 horas. A fermentação alcoólica foi feita em cubas de aço-inox com controlo de temperatura, não ultrapassando 27.ºC, durante 12 dias. Estágio de nove meses em barricas de carvalho francês e americano. Tem uma graduação alcoólica de 14,5%.

As propriedades da empresa pertencem à família Santos Lima há mais de um século sendo, desde há várias gerações, grandes produtores de vinho. No entanto, só em 1996, quando José Luís Santos Lima Oliveira da Silva abandona a sua carreira de mais de 20 anos no sector financeiro, teve início o engarrafamento e comercialização dos seus vinhos.
A Casa Santos Lima é uma empresa familiar, fundada por Joaquim Santos Lima, que, no final do século XIX, era já um grande produtor e exportador de vinhos. Maria João Santos Lima e José Luís Santos Lima Oliveira da Silva, neta e bisneto do fundador, gerem a empresa desde 1990, tendo procedido à replantação de grande parte das vinhas e modernizado toda a infra-estrutura produtiva.

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As vinhas  distribuem-se por várias Quintas contíguas, com destaque para a Quinta da Boavista, Quinta das Setencostas, Quinta de Bons-Ventos, Quinta da Espiga, Quinta das Amoras, Quinta do Vale Perdido, Quinta do Figo e Quinta do Espírito Santo, que cobrem uma área total de aproximadamente 390 hectares.

As propriedades da Casa Santos Lima estão situadas no concelho de Alenquer, 45 km a norte de Lisboa, numa região onde a tradição vitivinícola é secular e as típicas paisagens rurais aparecem com enorme beleza. As vinhas estendem-se por encostas suaves em altitudes compreendidas entre 100 e 220 m, com excelente exposição solar e um clima temperado pela suave brisa marítima do oceano Atlântico, que se encontra a cerca de 26 km para oeste.
O tipo de solo predominante é o argilo-calcário, do período do Jurássico Superior, tendo sido encontrados numerosos exemplos de fósseis de vida marinha. A replantação da vinha tem sido feita a um ritmo regular desde 1990, com as mais nobres castas Portuguesas, que aqui apresentam um carácter regional único e também, em menor escala, com as melhores castas internacionais. É possível encontrar na Casa Santos Lima cerca de 50 variedades de castas diferentes (algumas com carácter experimental).

“O vinho e a música sempre foram para mim um magnífico saca-rolhas.”
Dizia o escritor russo Anton Tchekhov!
Fica o nosso convite para, declamando este adágio, experimentarem o Syrah Monte da Caçada de que aqui vos falamos.

 

Classificação: 17/20                                           Preço: 7,60€

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Lybra Rosé, Quinta do Monte D’Oiro, 100% Syrah, Lisboa, 2015

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O Verão finalmente veio e o calor aperta.
Para quem gosta de um Rosé fresco, qual a melhor opção? Segundo o Blogue do Syrah não há muito por onde escolher e a nossa escolha pende para o lado do Lybra Rosé, da Quinta do Monte d’Oiro, feito exclusivamente de Syrah, cuja colheita, de 2015, está aí no mercado para nos saciar e encantar com aquela cor de vinho suave. E temos mais um Syrah do ano fantástico de 2015!

Este Lybra especial nasceu de uma parcela especifica, tratada e conduzida para o produzir em forma Rosé, através de vindima manual e escolha cuidadosa, seguida de esmagamento com prensagem directa. Tem 12,5% de graduação alcoólica.
Interessa perceber primeiro, embora de forma breve, como se obtém um Rosé. Inicialmente o processo é igual ao Tinto, desengaçar e esmagar, embora venha um choque térmico a temperatura mais reduzida, facilitando o processo de clarificação, havendo sempre o cuidado de que a pressão utilizada não conduza à extracção  de demasiada cor das películas. Em seguida interessa clarificar o mosto, removendo a maior parte dos sólidos em suspensão, sendo a técnica mais utilizada a decantação estática a baixa temperatura durante um a dois dias.  A fermentação é por fim um compromisso entre escolher temperaturas mais baixas, havendo lugar a maior frescura no produto final, ou mais altas, perdendo-se os aromas frutados.

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O tratamento da vinha, neste Monte D’Oiro, é feito sempre sem recorrer a químicos, optando pela qualidade em vez de quantidade. As podas são severas, no tempo devido, e as mondas igualmente significativas, dando lugar a rendimentos baixos por hectare.
O preço é mais apelativo este ano, nos vários sítios por nós visitados.

Como dizia William Shakespeare:
“O bom vinho é um camarada bondoso e de confiança, quando tomado com sabedoria.”
Para beber todo o Verão!
Força!

 

Classificação: 18/20                                                      Preço: 8,25€

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Quinta dos Plátanos, 100% Syrah, Lisboa, 2013

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Esta é infelizmente uma história diferente de todas aquelas que já aqui relatamos. É a história de um Syrah que depois de o ser já não o é! Vamos lá explicar a charada!

O ano passado tivemos conhecimento de que a Quinta dos Plátanos, de Alenquer, iria, pela primeira vez, lançar no mercado um monocasta Syrah. Ficamos naturalmente agradados! A seguir soubemos que esse dito Syrah iria participar da Prova Cega de Syrah que aconteceu no passado 3 de Outubro e que aqui amplamente divulgámos. E em vinte e seis Syrah em disputa, obteve o oitavo lugar, o que prova bem das suas potencialidades! Na altura faltava tratar dos rótulos. O que aqui apresentamos é apenas o rótulo provisório.

Ora acontece que passado todo este tempo o nosso muito desejado Syrah ainda não está no mercado e palpita-nos que nunca estará! Não nos parece que possa ser ainda a questão dos rótulos que está a atrasar a sua saída.

Uma semana antes da prova cega, o Blogue do Syrah, juntamente com alguns elementos dos Cegos por Provas e Tiago Paulo da Garrafeira Estado d´Alma tinham degustado este Syrah num final de tarde bem apelativo que nos deixou bem impressionados. Na prova cega também degustamos pela segunda vez este Syrah e contribuímos para o positivo resultado alcançado.

Mesmo estando a falar do que não existe, o lugar onde tão efémero Syrah nasceu merece o seu destaque.

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A Quinta dos Plátanos insere-se na Região Vitivinícola de Lisboa, com Denominação de Origem de Alenquer.
Cabeça de um vinculo instituído no século  XVII mantém-se desde então na família que sempre se dedicou à vitivinicultura. Uma das Quintas mais antigas do concelho de Alenquer, pertence, à freguesia de Aldeia Galega da Merceana. Pergaminhos não faltam e são de exaltar.

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Mesmo assim, apesar de toda esta longa e rica história, a vocação desta quinta tem sido a de fazer vinho a granel, aliás como era apanágio destas quintas de Alenquer e arredores de Lisboa. Muita da produção vinícola da quinta é embalada e despachada em caixas, com torneirinha, de cinco litros. Será que foi isso que aconteceu, ou seja, que o nosso tão desejado Syrah, que só daria para umas duas mil garrafas, foi aproveitado para vinhos de corte, embalado em boxes de cinco litros?

Há alguém que possa confirmar esta história ou pelo contrário dizer que estamos enganados e que dentro de dias o Syrah da Quinta dos Plátanos vai estar aí para mostrar o que vale? Ficamos à espera…

 

Classificação: 16/20                                                     Preço: 8 a 10,00€?


 

Vale das Areias, Sociedade Agrícola da Labrugeira, 100% Syrah, Lisboa, 2011

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Quando esta edição 2011 do Vale das Areias Syrah chegou ao nosso conhecimento, ficámos imediatamente com um brilhozinho nos olhos, porque logo nos lembrámos do seu irmão de 2010, aqui analisado, e que fica na história da viticultura nacional porque foi o primeiro Syrah a ganhar um concurso nacional de vinho. O nosso Vale das Areias Syrah 2010 foi o grande vencedor absoluto do Concurso Vinhos de Portugal, cuja primeira edição foi em 2013, o maior concurso de vinhos nacionais realizado até hoje no nosso país.

Esta nova safra, que hoje aqui reportamos, de 2011, com nova roupagem e diferente graduação, por isso decidimos dar-lhe este destaque, espanta porque, apesar de ser um Syrah já com 5 anos, revela uma frescura e uma juventude que não se costuma encontrar num Syrah com esta idade. Isto poderá significar que o Syrah da Sociedade Agrícola da Labrugeira evolui mais lentamente que o normal, o que pode significar ter ainda muitos anos de evolução pela frente, o que não deixa de ser obviamente um sinal positivo!

Ao contrário do seu irmão, que tinha uma graduação alcoólica de 15%, o presente tem uma graduação alcoólica de 13,5%. Estagiou um ano em madeira de carvalho francês e americano, após vindima manual. Foi feito de acordo com o inovador sistema de produção agrícola integrada, de forma a salvaguardar, a longo prazo, os recursos naturais e meio ambiente. Como já tinha acontecido antes, optou-se por um rendimento baixo por hectare (através de podas severas e de mondas de cachos) e uma produção integrada, em cumprimento com as normas agro-ambientais. Este Syrah está garantido pelo menos até à safra de 2013. O enólogo de serviço é Raul Martins.

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A Sociedade Agrícola da Labrugeira, que produz e engarrafa vinho na antiga região da Estremadura, hoje de Lisboa, surge com a designação Vale das Areias, nome herdado da vinha mais antiga da família, situada entre a capela dedicada a São Jorge e a Serra de Montejunto, Alenquer. A paixão pela vitivinicultura foi passando de geração em geração, pelo que nos anos 90, fruto da vontade em aperfeiçoar a herança dos antepassados e das novas exigências do mercado, começou a modernização das vinhas e da adega, esta última datada de 1930.

E tudo isto nos faz lembrar um pensamento que lemos algures e que dizia:
“Um vinho nada significa se você não lhe der a atenção que merece.”

É por isso que o Syrah Vale das Areias merece a atenção que lhe estamos a dar!

 

Classificação: 16/20                                                        Preço: 7,50€


 

Vale das Areias, 2011

 

O premiado Syrah Vale das Areias, de Lisboa, acaba de sair com uma nova safra, a de 2011.

Novos rótulos, mas uma qualidade que põe em sentido outros Syrah da região vitivinícola de Lisboa!

A ter em atenção!


 

Mapa de localização dos Syrah Portugueses

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O Blogue do Syrah apresenta um documento inédito em Portugal.

De uma forma esquemática, utilizando as cartas oficiais com a localização das regiões vinícolas do País, colocámos uma indicação aproximada, mas o mais rigorosa possível, de todos os Syrah que existem em Portugal, ou pelo menos, daqueles de que temos conhecimento, 142 até agora. Acreditamos que ainda possa haver mais e, se tal acontecer, aqui estaremos para actualizar a informação.

Fica bem visível, portanto, a distribuição geográfica da nossa bebida preferida. A maior concentração acontece nas regiões de Lisboa, Tejo, Setúbal e Alentejo.
Proporcionalmente ao tamanho, é na região de Lisboa que há maior densidade de produtores.

Esperamos que muitos mais Syrah venham a aparecer.
Que novas safras tomem o lugar das que se vão esgotando.
Que produtores que já fizeram Syrah o voltem a fazer!

 

Como dizia Rabelais, “O Syrah é o que há de mais civilizado no mundo!”, logo, esta carta foi a nossa contribuição para a história da civilização portuguesa.