Labrador, Quinta do Noval, 100% Syrah, Douro, 2011

garrafa

O Labrador é o outro syrah que existe no Douro. Já aqui tínhamos apresentado o syrah da Quinta da Romaneira, sendo que hoje cabe a vez ao syrah da Quinta do Noval, uma das quintas emblemáticas do Douro, conhecida e reconhecida internacionalmente.

E isto não é literatura como alguns poderiam pensar! Mas citamos o texto de Luís Fernando Veríssimo, que disse o seguinte sobre a dificuldade de descrever as sensações proporcionadas pela degustação do vinho: “Já disse mais bobagem sobre vinhos do que sobre qualquer assunto, com a possível excepção do orgasmo feminino e da vida eterna. Isto porque é impossível transformar em palavras as qualidades ou defeitos de um vinho, ou as sensações que ele provoca, assim como é impossível, por exemplo, descrever um cheiro e um gosto. Tente descrever o sabor de uma amora. Além de amplas e vagas categorias, como “doce”, “amargo”, “ácido”, etc., não existem palavras para interpretar as impressões do paladar. Estamos condenados à imprecisão ou ao perigoso terreno das metáforas. Tudo é literatura.”

Literatura ou não, este syrah da Quinta do Noval, nascido e criado pelo talento do enólogo António Agrellos, famoso pelo vinho do Porto, da mesma quinta, decidiu fazer esta experiência da qual se saiu bastante bem. Conhecemos a safra de 2010 e a de 2011, presentemente no mercado. É um syrah de “aroma muito marcado pela fruta preta, com traços minerais e aromas balsâmicos com alcaçuz. Intenso e poderoso, com notas pungentes a alcatrão, pimenta, casca de laranja. Na boca está fino e texturado, com acidez viva a dar-lhe leveza, taninos elegantes, boa textura e muita intensidade. Longo, equilibrado, com muita precisão e austeridade.”

quinta

A Quinta do Noval, com 145 hectares que dominam o Vale do Pinhão, é a alma e a essência desta propriedade. O solo é essencialmente constituído por rocha xistosa, o que faz com que todos os trabalhos na vinha sejam particularmente difíceis.

A Quinta do Noval replantou desde 1994 100 hectares da vinha com as castas mais nobres da região do Douro, adaptando os métodos de poda à tipologia das parcelas. As parcelas foram replantadas em lotes de uma casta só, sendo cada uma escolhida de acordo com as características de cada parcela de terra: a altitude, a exposição solar e o tipo de plantação da videira.

Hoje em dia, as parcelas plantadas com misturas de castas estão progressivamente a desaparecer do Vale do Douro. A Noval foi uma pioneira nesta tendência, tendo sido a primeira a replantar as vinhas, conservando intactos os magníficos socalcos tradicionais com os seus muros de pedra de xisto.

Porque cada parcela é plantada com uma só casta, é possível escolher o momento ideal para as vindimar.

A Quinta do Noval é o único exportador histórico de Vinho do Porto que tem o nome da sua vinha. Beneficia de uma localização privilegiada, bem no coração do Vale do Douro.

A vinha, constituída pelas castas nobres da região do Douro, Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinto Cão, Tinta Barroca, Tinta Francisca e Sousão, está totalmente classificada com letra A, ou seja, de acordo com a classificação das vinhas foi criada pela Casa do Douro, que é revista todos os anos. Esta classificação tem por base sobretudo a qualidade do solo, a altitude, o microclima e o método de cultivo da vinha em cada parcela. As parcelas são classificadas segundo uma escala qualitativa de «A» a «F».

As parcelas da vinha possuem uma diversidade geográfica rica quer em altitude, em exposição e em solos. Estas características conferem aos vinhos diferentes nuances conforme a sua parcela de origem. Dessa fusão nasce a magia dos vinhos da Quinta do Noval.

Christian Seely proprietário da Quinta desde 2001 afirmou que «Estou sempre pronto para experimentar castas de outras partes do mundo. Considero essencial que se adaptem bem ao seu novo meio e se integrem como se fossem castas do Douro. Neste caso, a casta Syrah adaptou-se perfeitamente, exprimindo mais o “terroir” do Douro do que a tipicidade da casta.” Devemos dizer que não concordamos com esta última afirmação. O Labrador exprime mais, do nosso ponto de vista, a casta de que é feito, syrah, neste caso, do que o terroir do Douro. Colocando a questão deste modo, diríamos que o syrah da Quinta da Romaneira, de que já aqui falámos, está muito mais de acordo com a afirmação de Christian Seely.

Para concluir esta nossa digressão falta-nos explicar o nome deste syrah, que é uma homenagem ao cão, um Labrador precisamente, do António Agrellos, o enólogo que o concebeu e realizou.

É caso para dizer: “Syrah de um cão!”

Classificação: 16/20                           Preço: 11,50€


 

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