Todos os Syrah portugueses biológicos que existem no mercado já foram apresentados individualmente aqui no Blogue do Syrah. É importante agora fazer a revisão da matéria dada, para que todos os interessados, e são cada vez mais, possam ter acesso num único texto a todos os vinhos biológicos da casta Syrah que se fazem em Portugal e já são em número significativo! Se novos Syrah biológicos aparecerem entretanto, este texto será devidamente actualizado.
São no total 10 Syrah biológicos, todos de peso! Dois deles são Alentejanos, um deles é da Beira Interior e os outros sete são de Lisboa! Dito de outra maneira: sete décimos dos Syrah biológicos feitos em Portugal são da região vitivinícola de Lisboa! É obra! Três deles são de Alenquer, da Quinta do Monte d`Oiro.
Aqui vão eles.
(É só apontar o rato para a garrafa e seguir a rota para o artigo completo, se o desejarem.)
Dona Dorinda, Quinta Nossa Sra. da Conceição, 100% Syrah, Alentejo, 2012
Vindima manual nocturna. Maceração carbónica a frio cerca de 12 meses. O envelhecimento esse foi feito em carvalho francês, pois claro, durante 12 meses. As notas de prova dizem-nos que tem um “aroma intenso a amora silvestre, taninos bem integrados e suaves, com notas de especiarias e folha de tabaco, característica da casta Syrah. Corpo elegante, equilibrado com um final prolongado.”
As práticas de agricultura biológica, integradas sempre que possível com Agricultura biodinâmica, revelaram-se uma verdadeira experiência de novas, ou ancestrais melhor dizendo, técnicas de produção, visando sempre a preservação da natureza como um todo sustentável. Alinhada com as estrelas, a vinha com cerca de dois hectares, (embora entretanto mais hectares tenham sido plantados) encontra-se instalada em forma de “meia-lua”, chamando a si as boas energias que o Universo tem para nos oferecer.
Herdade dos Lagos, Soc. Agrícola Herdade dos Lagos, Lda, 100% Syrah, Alentejo, 2012
Hoje trazemos ao nosso convívio o Syrah da Herdade dos Lagos, concelho de Mértola. É um vinho feito em regime de agricultura biológica. Não tem químicos, nem pesticidas! Trata-se de um vinho regional alentejano, cuja produção foi de 12000 garrafas.“Apresenta cor rubi intensa. Aroma frutado a ameixa madura. Cheio, redondo, complexo, boa acidez, terminando longo.” Em suma, qualidade plena e assegurada!
Foi vinificado pelo processo tradicional de curtimenta em lagares inox com temperaturas de fermentação a cerca de 28ºC. Teve um estágio em barricas de carvalho francês e americano durante 12 meses. A longevidade prevista é de 8 anos. O blogue do Syrah prevê pelo menos 12 anos! Apresenta um teor alcoólico de 14,5 %.
QC, 100% Syrah, Quinta da Caldeirinha, Beira Interior, 2009
Primeira safra de Syrah desta quinta localizada nos confins do mundo, onde nem o Google Maps a reconhece, e por vezes nem o contacto por telemóvel é possível, tão remota é a sua localização no Douro superior…
“Aroma a amora e compota. Vinho com cor granada, bem estruturado e equilibrado”. Saiu um Syrah com um teor alcoólico de 13,5%, aromático, denso e complexo no sabor. Uma bebida superior! E quem é que fez este néctar? Foi feito a seis mãos. Jorge Roda o produtor, Aida Roda a responsável pela vinha e finalmente Jenny Silva, mestre em Enologia!
Uma característica muito peculiar desde Syrah é que se trata dum vinho biológico, o que significa que é isento de pesticidas e químicos. Por lei o ácido sórbico e a dessulfuração não são autorizados e o teor de sulfitos no vinho biológico tem de ser inferior, no mínimo, em 30-50 mg por litro ao do seu equivalente convencional.
Cepa Pura, Quinta do Montalto, 100% Syrah, Lisboa, 2013
Na região vinícola de Lisboa, em atitude ecológica, estamos hoje aqui para apresentar um Syrah biológico, na sua primeira safra, de 2013. Cepa Pura! – o nome é atraente- um Syrah de 14,5% de graduação alcoólica, elaborado pela Quinta do Montalto. Obtido a partir de uvas seleccionadas, teve um estágio de 6 meses em barricas de carvalho francês e americano. É um Syrah fresco, de bom aroma, com fruta madura e um perfil arredondado. Apreciámos o bom equilíbrio de boca, com taninos suaves e uma boa vocação gastronómica, certamente adequada em elevado grau para acompanhar um bom repasto de ingredientes igualmente biológicos.
Não descurando as preocupações ambientais, todas as culturas na Quinta do Montalto são, desde 1997, conduzidas e tratadas obedecendo às normas de Agricultura Biológica com o controlo da ECOCERT-PORTUGAL, ou seja, não são utilizados adubos químicos, herbicidas, insecticidas, fungicidas e outros produtos químicos de síntese.
Humus, Quinta do Paço, 90% Syrah, Lisboa, 2010, 2011
No entanto, o Syrah presente na garrafa é de qualidade superior, e “abafa” completamente a tinta barroca, como geralmente acontece. Esta safra que está esgotada e será brevemente substituída pela safra de 2011, e tem uma percentagem diferente desyrah e tinta barroca: 90% de Syrah contra somente 10% de tinta barroca. Daí no nosso título estar o Humus de 2011 e não o anterior. Prevê-se um melhor desempenho, logo uma melhor classificação.
De cada safra foram feitas 2000 garrafas. Metade fica no mercado interno e a outra metade vai para exportação. Este Syrah tem um estágio de 12 meses em barricas de carvalho. As notas de prova dizem-nos que possui ”toques de amora e groselha, complementadas por fumados e mineral. O paladar tem uma boa estrutura, frescura e vigor. Taninos firmes e integrados.”
Cortém, Vinhos Cortém, 100% Syrah, Lisboa, 2010
O que nos regozija sim é que estes nossos amigos decidiram, e muito bem, fazer um Syrah. Dizem as notas de prova que é “encorpado, proveniente do clima marítimo e fresco da nossa região, que apesar de intenso é fresco e agradável ao palato e exibe o toque fino e profundo da casta“. Tem 14.5% de graduação alcoólica, e em 2014 ganhou uma medalha de ouro no Berlin Wine Trophy. Bebe-se com alma e paixão, sorvendo aromas e histórias.
Outra particularidade interessante diz respeito ao design das garrafas. Cada ano é pedido a um artista que exponha o seu trabalho nos rótulos dos vinhos produzidos, e no caso do Syrah 2010 o escolhido foi George Farmer, um pintor e músico inglês que reside na Alemanha.
Pynga, Vale da Capucha, 97% Syrah, 3% Viognier, Lisboa, 2012
Fazia já algum tempo que tínhamos conhecimento da eminente chegada deste novo Syrah, de Lisboa, produção biológica, concelho de Torres Vedras, do produtor e enólogo Pedro Marques. Foram várias as vicissitudes na obtenção deste Syrah, que agora já nada importam, interessa sim dizer que quando tal foi conseguido ficámos muito surpreendidos, pela positiva. O primeiro Syrah de Pedro Marques foi uma aposta ganha.
Agora é preciso divulgá-lo, como merece, e o Blogue do Syrah está aqui para dar a sua contribuição. Não é Syrah a cem por cento, como gostamos, mas adiante.
As notas de prova que escolhemos falam de um “vinho com carácter e personalidade vincada. As vinhas gozam de influência marítima o que confere às uvas uma frescura e equilíbrio singulares.” A graduação alcoólica é de 14 %.
Reserva, Quinta do Monte d’Oiro, 94% Syrah, 6% Viognier, Lisboa, 2012
Temos em primeiro lugar o Reserva, que existe desde 1997, (o Blogue do Syrah teve um exemplar desse ano nas mãos, durante a já referida e memorável visita) que é para a Quinta o Syrah que não pode deixar de ser produzido. Tem 4% de Viognier (em co-fermentação) e é o Syrah mais parecido com os Syrah franceses do Vale do Rhône, considerada a referência a nível mundial.
Olhar para esta garrafa é sentir o tempo apurado em eflúvios ancestrais!
A tiragem corrente tem 14% de graduação alcoólica e produzem-se em média 24 mil garrafas. É o seu Syrah de marca! As notas de prova que escolhemos dizem que é um vinho de “Rubi concentrado, negro. Aroma frutado com predominância para as ameixas pretas bem maduras e frutos do bosque, ligeiras notas tostadas e de especiarias finas. Elegante na boca, revela um conjunto equilibrado entre a fruta e a madeira bem integrada, taninos aveludados, acidez correcta, final muito prolongado e distinto.” Teve um estágio de 18 meses em barricas de carvalho francês, das quais 40% eram novas.
Syrah 24, Quinta do Monte d’Oiro, 100% Syrah, Lisboa, 2011
Apenas se produzem 900 garrafas por safra, e com 14% de graduação alcoólica, mais um vez referida à safra actual. A designação 24 provém do facto das uvas terem origem numa parcela de vinha com esse número. Complexo, com notas de frutos pretos e sugestões de compota, chocolate, especiarias e uma sugestiva e discreta presença de barrica de alta qualidade. Um vinho muito atraente, moderno, com belíssimos taninos, acetinado na boca. Este vinho foi elaborado a partir de uma seleção massal de Syrah, plantada na parcela 24 de somente 2 hectares e proveniente de vinhas velhas (com mais de 60 anos) da região francesa de Hermitage. A grande variabilidade genética nesta parcela, origina, assim, um vinho de extrema complexidade. “Estamos perante uma vinha perfeita de Syrah”, afirma Grégory Viennois, o experiente enólogo francês que acompanha a vitivinicultura da Quinta do Monte d’Oiro. Tem sido desde o seu lançamento alvo de integralmente merecidas pontuações bastante elevadas pelos maiores especialistas.
O nosso SYRAH 24, produzido por José Bento dos Santos na Quinta do Monte d’Oiro, já recebeu por três vezes (2007, 2009 e 2011) a classificação de 93 pontos pela prestigiada Wine Advocate, de Robert Parker (o mais famoso crítico de vinhos do mundo), o que o coloca entre o grupo de vinhos portugueses a que Parker atribuiu uma pontuação igual ou superior a 93.
Lybra, Quinta do Monte d’Oiro, 100% Syrah, Lisboa, 2011
Continuando hoje a falar de uma quinta abençoada, vamos seguir com o respectivo Syrah gama de entrada, o Lybra, com uma graduação alcoólica de 13,5%, e do qual são produzidas em média 15 a 20 mil garrafas por safra. O estágio é de 10 a 12 meses em barricas de carvalho francês. As notas de prova escolhidas dizem que se trata de um Syrah “Cor rubi intensa e nariz marcado pelos aromas de frutos pretos e do bosque, bem como delicadas notas de especiarias e alguma madeira, na boca é um vinho equilibrado, de taninos polidos e um volume e estrutura de expressão média, conta com um paladar frutado e especiado, além de ligeiramente vegetal, terminando com um final de boca de comprimento e persistência medianos.”
E é tudo em termos de Syrah biológicos! Esperemos que este ano possam surgir novos Syrah biológicos porque juntam o melhor de dois mundos.
Aqui sim pode aplicar-se a máxima muito falada entre os enófilos e que nós adaptamos com natural desfaçatez: “Quando li que o Syrah fazia mal deixei de ler!”