Monthly Archives: May 2016

Vinhas de Pegões, Adega Cooperativa de Pegões, 100% Syrah, Setúbal, 2015

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É com entusiasmo que damos conta do primeiro Syrah de 2015!
Já desde Agosto do ano passado que estamos a repetir para quem nos quiser ouvir que o ano de 2015 para o Syrah vai ser o melhor do século, muito superior ao de 2011!
Por isso quando tivemos conhecimento deste primeiro Syrah de 2015 quisemos tentar perceber se algo de substancialmente superior seria possível adivinhar. Esta linguagem rebuscada limita-se a querer dizer que foi também com espanto que tivemos conhecimento que já poderia estar no mercado e ao fim de tão pouco tempo um Syrah de 2015. Essa é a história que vamos já de seguida contar!

Não esquecer que por detrás de um grande Syrah há sempre uma história empolgante!
A história começa quando o Blogue do Syrah recebe um mail no dia 7 do corrente mês a dizer o seguinte:

“Vinha Pegões Shyrah 2015
Boa tarde. Tendo sido posto à venda no Pingo Doce esta semana o vinho referido em epígrafe (penso que tenha sido o primeiro lançamento deste vinho), vinha saber se já haviam provado e qual a vossa apreciação.
Com os melhores cumprimentos
Manuel Duarte”

Ainda no mesmo dia o Blogue do Syrah respondeu desta maneira:

“Caro Manuel Duarte,
em primeiro lugar obrigado pelo seu contacto.
Não estará o meu amigo enganado?
Syrah de Pegões só há este:
Adega de Pegões, Cooperativa de Pegões, 100% Syrah, Setúbal, 2012
não é novo já existe no mercado há vários anos e para além disso a colheita disponível não é a de 2015 mas sim a de 2013.

Confirme na próxima vez que for ao supermercado…certo?
Um bom fim de semana
e até breve!
Pelo Blogue do Syrah
Francisco Trindade”

No mesmo dia obtivemos resposta do leitor Manuel Duarte:

“Boa noite.
Peço desculpa, mas comprei esta semana no Pingo Doce!
Com os melhores cumprimentos e desejo igualmente um bom fim de semana.”

foto enviada pelo leitor
No dia seguinte dia 8 o Blogue do Syrah respondeu:

“Manuel,
costuma dizer-se e com razão que “contra factos não há argumentos”!
Com a sua foto convenceu-me totalmente! Já hoje andei à procura nalguns Pingo Doces mas não havia…
Diga-me, em que Pingo Doce é que encontrou este syrah?
O que posso já dizer é que sendo de 2015 é muito novo, demasiado jovem o que não quer dizer que não tenha potencialidades! Mas o mais importante é descobri-lo!
Até breve
e obrigado.”

No mesmo dia o leitor Manuel Duarte disse:

“Boa tarde.
Como vivo em Rio Maior, comprei no Pingo Doce de aqui.
Mas penso que existirá em todo o país, uma vez que está referenciado no Folheto de esta semana (a 2,49€ !).
Cumprimentos.”

Poucas horas depois a resposta do Blogue do Syrah:

“Manuel, obrigado pela dica!
Estou a falar do concelho de Oeiras e por aqui ainda não encontrei!
Mas amanhã vou a Lisboa e vamos ver se tenho mais sorte!
Quando o encontrar, é uma questão de tempo, irei depois escrever o texto que se impõe no Blogue do Syrah!
Obrigado Manuel e boa semana!”

O Blogue do Syrah acabou por encontrar um supermercado com várias garrafas e após degustar a primeira falou com o enólogo da Adega Cooperativa de Pegões, Jaime Quendera, que nos disse ter sido uma proposta do Pingo Doce que desencadeou por parte da Cooperativa a produção deste Syrah, até porque o ano de 2015 foi fantástico para Pegões, não só na qualidade mas também na quantidade de Syrah produzido!

A Cooperativa tinha recebido novos produtores de Syrah que fizeram com que o ano de 2015 fosse mais rico em termos de produção de Syrah. Esta iniciativa conjunta entre o Pingo Doce e a Cooperativa de Pegões durou uma semana, durante a qual foram colocadas no mercado através da cadeia de supermercados cerca de 20000 garrafas deste Syrah. A iniciativa acabou, o Syrah também, mas ficou um cheirinho da enorme capacidade qualitativa quer do ano de 2015 para o Syrah quer da Cooperativa de Pegões!

Este Syrah saiu com uma imagem muito diferente da habitual na Adega de Pegões, como se pode ver pela que está no mercado com a ano de 2013. Ainda este ano sairá o Syrah de 2014 e só para o ano é que sairá o Syrah com madeira, que este em causa não teve, do ano de 2015. Quando isso acontecer o Blogue do Syrah estará aqui a referir a evolução que este Syrah terá demonstrado… para melhor não temos dúvidas!

O enólogo deste Syrah, como já foi dito, é Jaime Quendera, responsável por estas notas de prova: ”Notas de frutos vermelhos/pretos muito maduros , notas de compota , volumoso na boca , final muito prolongado.” A cor é granada, a fermentação foi realizada em cubas de lagar inox com temperatura controlada seguida de maceração pelicular prolongada. Não teve madeira e a graduação alcoólica é de 14%.

O final prolongado tem um forte gosto a cravinho o que torna este Syrah muito especial.
O preço, para quem teve conhecimento, foi arrasador para toda a concorrência tendo em conta a qualidade desmedida deste Syrah!

Ramon Gomez de La Serna, o homem das Greguerias, disse uma vez: “Para aquele que encomendou meia garrafa de vinho, faltar-lhe-á sempre a outra metade.”
Não faz ideia de como isso é verdade em relação a este Syrah!

P.S. Devido à atenção e sobretudo ao empenho demonstrado pelo leitor Manuel Duarte em relação a esta situação, foi decidido por unanimidade pelos responsáveis do Blogue do Syrah atribuir a título de agradecimento uma garrafa de Syrah de mestre Jaime Quendera. A escolha irá recair sobre o Syrah da Casa Ermelinda Freitas Reserva 2013.
É este tipo de leitores que o Blogue do Syrah deseja e privilegia! Mas claro, todos são bem-vindos.

 

Classificação: 18/20                                   Preço: 2,49€


 

A minha paixão pelo vinho: Syrah! – por John Stimpfig

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Depois de lermos este texto em inglês, que nos foi indicado pelo amigo Paulo Pimenta, a quem desde já agradecemos, achámos que valia a pena fazermos a sua tradução integral para português. O director do site Decanter explica porque coloca os vinhos produzidos a partir da casta Syrah num pedestal acima dos outros todos.
Este é o nosso texto de hoje, com a devida permissão.


“Recentemente pediram-me para escolher uma casta – dominante ou em vinho blend – para beber o resto da minha vida. A minha resposta foi imediata e sem hesitação: Syrah/Shiraz. Para mim é a casta maior de todas.

Porquê Syrah? Porque não? Para mim, um Syrah tem o perfume e a frescura de um Pinot Noir sem os entulhos da adega. É também mais suave e generoso que um Cabernet. Com efeito, ocupa um lugar abençoado entre esses dois rivais.

Estou disposto a confessar que o meu coração prefere as variantes ao estilo do norte do Rhône. Mas não recuso um grande Syrah Australiano, particularmente se for confeccionado por alguém como Ben Glaetzer. O seu Amon Ra ou The Bishop são sempre bem-vindos à minha mesa sempre que quiserem.

Claro, actualmente é um erro referir apenas os Syrah da Austrália. Principalmente quando preferimos alguns do meus Syrah favoritos como Penfolds St. Henri, Clonakilla, Jim Barry’s Armagh e muitos outros. Como Huon Hooke já disse, pelo menos 25 regiões vinícolas Australianas produzem excelente Syrah, desde Hunter até Swan Valleys, de tal forma que nenhum outro país produz tal vastidão de Syrah em terroirs tão diversificados. Mais, há também magníficos Syrah na Tasmânia. E há uma boa razão pela qual a casta Syrah ocupa grande parte da vinha por estas terras: é uma casta quase infinitamente deliciosa de se beber.

Na terra da grande nuvem branca, o Syrah kiwi é quase tão bom como os seus parentes do Norte do Rhône. De facto, segundo Bob Campbell, até a Nova Zelândia possui Syrah com a mesma similitude floral, pimenta e frutos vermelhos como muitos do seus parceiros do hemisfério norte. Enquanto a Africa do Sul continua a fazer alguns Shiraz estupendos, muitos produtores começam a colocar Syrah na etiqueta seguindo a tradição do Rhône. Nos Estados Unidos, Califórnia e adegas em Washington começa a seguir-se a rota ao estilo Syrah. O mesmo acontece no Chile e Argentina, onde os vinhos são mais elaborados e redondos. Como diz Peter Richard: o Chile consegue fazer Syrah Rhoniano com uma agudeza difícil de igualar.

E não podemos esquecer o Syrah que nasce nas suas origens. Com toda a felicidade, o Rhône permanece como a meca indisputável do Syrah. Aí, numa faixa de 65km ficam as super estrelas Cote Rotie, Crozes-Hermitage, Hermitage, St. Joseph and Cornas. Todas juntas, produzem sem sombra de dúvida vinhos maravilhosos, que oferecem sublime qualidade e carácter a preços inacreditáveis, comparados com os Burgundy ou Bordeaux.

Claro, sendo um confesso fanático por Syrah, eu teria que dizer isto, claro.”


Nós aqui no Blogue dos Syrah portugueses só lamentamos que Stimpfig não tenha mencionado Portugal, talvez por desconhecimento… vamos arranjar maneira de lhe dar a conhecer algum do melhor Syrah do mundo, que brota em terras lusitanas, ele não haverá de discordar!


 

Vale de Lobos, Quinta da Ribeirinha, 100% Syrah, Tejo, 2013

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Já tínhamos analisado aqui a colheita de 2011 deste Syrah. Agora chegou a possibilidade de falarmos sobre a colheita de 2013. E desde logo podemos dizer: se tínhamos gostado da colheita de 2011, desta gostamos ainda mais!

O Syrah Vale de Lobos já mostrou ser um Syrah que veio para ficar, e ainda por cima com qualidade!

O Syrah Vale de Lobos existe desde a safra de 2001, e teve mais cinco até 2013: 2003, 2005, 2008 e 2011 e a actual. Nas primeiras safras a produção era de 6000 garrafas. As últimas foram já de 10000! A vinificação realiza-se com vindima manual. As uvas, previamente seleccionadas com um rigoroso controlo de maturação, foram a seguir devidamente desengaçadas. Fermentou na cuba rotativa, onde se procedeu à curtimenta após a fermentação alcoólica. O resultado tem 14 % de graduação alcoólica e segundo o produtor “veste granada intenso e toca alguns instrumentos, saltando notas a baunilha, especiarias e ligeiro torrado num tom elevado.” As vinhas estão plantadas em solo argilo-calcário, clima mediterrâneo seco com exposição da vinha a sul. As vinhas crescem em sistema de produção integrada em que o uso dos químicos é mínimo, salvaguardando assim o ambiente e a saúde humana. A quinta encontra-se num processo de reconversão gradual da vinha velha de forma a melhorar a qualidade e a produção.

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A Quinta da Ribeirinha produz no total meio milhão de litros de vinho por ano em que somente 10% é destinado ao mercado interno. No caso do “nosso” Syrah a percentagem é ainda menor. Somente 5% está destinado ao consumo interno. Eis pois porque é difícil ter acesso a este Syrah! Os principais destinos dos vinhos da Quinta da Ribeirinha têm sido sobretudo no continente americano, com particular ênfase para Brasil, Canadá e E.U.A. e no continente africano, Angola, Cabo Verde, Guiné e S. Tomé e Príncipe. Mais recentemente a quinta alargou os seus mercados para a China. No que respeita ao mercado Europeu as exportações estão distribuídas por vários países, tais como Alemanha, Bélgica, Holanda, Polónia, Noruega, Inglaterra, França e Espanha.

Quando falámos do seu irmão de 2011 na altura dissemos: “Era importante que o Vale de Lobos syrah pudesse também estar em garrafeiras nomeadamente de Lisboa, porque ficaríamos todos a ganhar, tendo em conta a qualidade que este Syrah já mostrou e as possibilidades de crescimento! Neste momento, cada vez que passamos pela área de serviço de Santarém, na auto-estrada Lisboa/Porto, é lá que o conseguimos comprar. Fica a dica!

Das poucas coisas verdadeiras que o fascista Mussolini terá dito, uma delas foi, e estamos de acordo com ele:
“Os que bebem vinho, vivem mais do que os médicos que o proíbem”.
Então se for Syrah, e neste caso o Syrah da Quinta da Ribeirinha, temos aí uma boa aposta com a qual só podemos mesmo concordar!

 

Classificação: 17/20                                           Preço: 13,50€

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Hamilton Reis, enólogo do Syrah do Baixo Alentejo

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Na sequência de artigos anteriores sobre os enólogos do Syrah em Portugal, cabe-nos hoje a honra de apresentar Hamilton Reis, o enólogo do Syrah do Baixo Alentejo!

Hamilton Reis é o enólogo que chefia a equipa de Cortes de Cima faz uma década ininterrupta, produzindo regularmente não um nem dois mas sim três Syrah de que este vosso Blogue já deu boa conta!

São eles:

 

Vejamos cada um em pormenor.

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Cortes de Cima Syrah, Cortes de Cima, 100% Syrah, Alentejo
O Syrah gama de entrada é simplesmente chamado Cortes de Cima Syrah. Dos três é o menos empolgante mas nem por isso desce do patamar electivo. Há quem diga que é pouco interessante, e aqui discordamos. Tudo o que vem daquela região mítica não pode deixar de ser acima da média. Depois de um inverno frio e seco e de uma primavera também fria e seca, chegou um verão excepcional. Todos conduziram a uma apanha de qualidade! Este vinho foi produzido exclusivamente a partir da casta Syrah. As uvas foram rigorosamente seleccionadas pelo que estavam num óptimo estado de maturação. Foram fermentadas sem engaço, a temperaturas controladas, e alargado período de maceração das películas para melhorar o aroma a frutos e conseguir um bom equilíbrio e estrutura de taninos. Envelhecido durante 8 meses em barricas de carvalho francês e americano. A colheita, produção e engarrafamento foram feitos na propriedade familiar. A produção total foi de cerca de 50.000 garrafas.

 

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Homenagem a Hans Christian Andersen, Cortes de Cima, 100% Syrah, Alentejo
Quando começou a nossa aventura de descobrir e divulgar os Syrah portugueses, este Homenagem foi dos primeiros a surgir na nossa investigação, mesmo também por se encontra largamente disponível em cadeias de hipermercados, e desde logo o nome suscitou enorme surpresa e curiosidade.
Produzido exclusivamente a partir da casta Syrah, as uvas foram rigorosamente seleccionadas pelo que estavam num óptimo estado de maturação. Foram fermentadas sem engaço, a temperaturas controladas, com um alargado período de maceração das películas para melhorar o aroma a frutos e conseguir um bom equilíbrio e estrutura de taninos. Envelhecido durante 8 meses em barricas de carvalho francês e americano, maturou assim até ao engarrafamento, em Julho de 2012. A graduação alcoólica é de 14%. As notas de prova que escolhemos falam de “aromas de frutos de bago escuro, groselha, mirtilos e cássis. Elegante no palato, revela fruta distinta e saborosa com madeira de qualidade bem integrada. Equilíbrio notável, boa estrutura de taninos, longo e persistente.” Nós acrescentaríamos a plenitude cultural, união de literatura em forma de subtil néctar com eflúvios de planície alongada sobre o horizonte setentrional. A colheita, produção e engarrafamento é feita na propriedade de Cortes de Cima. A tiragem foi de 12300 garrafas.

 

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Incógnito, Cortes de Cima, 100% Syrah, Alentejo
Se há um Syrah capaz de atingir o espaço sideral mitológico, esse Syrah só pode ser o Incógnito! Mesmo estando a falar de acontecimentos que ocorreram nos últimos vinte anos, que quando falamos de Syrah em Portugal é tudo muito recente, este Syrah é já um mito vivo!
O preço exorbitante que o Incógnito atinge não preocupa o seu produtor, pois é um Syrah que se esgota safra após safra, e já lá vão doze, até à de 2012.
As notas de prova incluídas na garrafa dizem-nos que possui uma “mistura de frutos selvagens de bago vermelho, tosta de madeira, carne e notas de alcatrão. No paladar é complexo, com um forte paladar de fruta silvestre madura e um equilíbrio cativante. Suave no início, mostrando-se firme ao longo da prova, excelente estrutura de taninos e uma agradável frescura, com boa acidez a contribuir para um longo e persistente final.” Segundo o seu produtor vai manter-se grandioso pelo menos 10 anos. Safras anteriores do Incógnito já mostraram que a longevidade deste néctar está muito acima da média. Tem uma graduação alcoólica de 14,5%. O estágio foi feito em barricas de carvalho francês. A colheita, produção e engarrafamento é feito na propriedade familiar. Foi engarrafado sem filtração nem colagem e a produção total foi de cerca de 14.000 garrafas.

 

Hamilton Reis, ao contrário do que se poderia pensar, não é Alentejano! É natural do Porto, mas foi no Alentejo que em 1998 terminou o curso de Engenharia Técnica de Produção Agrícola, Escola Superior de Agrária de Beja. Fez ainda a licenciatura em Microbiologia, em 2005, e em 2009 a pós-graduação em Viticultura e Enologia, ambas na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa. O primeiro contacto com o mundo profissional do vinho ocorreu no ano de 1999, começando como responsável pelo departamento de prova, compra e venda de vinhos numa empresa de distribuição no Norte do país. Em 2004 inicia a actividade profissional na produção, tendo realizado diversas vindimas em Portugal e internacionais. Em 2006 entra nos quadros de Enologia das Cortes de Cima, em 2008 assume a direcção de Enologia da empresa, cargo que desempenha até aos dias de hoje. É preciso alma, entrega, e génio para fazer um Incógnito destes, Syrah que fica, e ao qual apetece voltar, esse e os outros todos!

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Ao contrário do Alto Alentejo que tem reforçado continuamente os seus Syrah com novas colheitas e com novos Syrah, o Baixo Alentejo pelo contrário, tem paulatinamente abandonado os seus Syrah e sobretudo os de qualidade. O Blogue do Syrah não se cansa de gritar que é um erro estratégico porque existe um mercado nacional para os Syrah que está a despertar e a crescer, e nós estamos aqui para ajudar à festa!

Vejam-se os seguintes exemplos:
Syrah da Peceguina, Herdade da Malhadinha Nova, 100% Syrah, Albernoa – Beja. O último data de 2010! Não está previsto novo Syrah!
Herdade da Figueirinha, Sociedade Agrícola do Monte Novo e Figueirinha Lda, 100% Syrah, Beja. O último data de 2006! Não está previsto novo Syrah!
Santa Vitória, Casa de Santa Vitória, 100% Syrah, Beja. O último data de 2012! Não está previsto novo Syrah!
Alfaraz, Herdade da Mingorra, 100% Syrah, Beja. O último data de 2012! Não está previsto novo Syrah!
Herdade dos Lagos, Soc. Agrícola Herdade dos Lagos, Lda, 100% Syrah, Mértola. O último data de 2012! Não está previsto novo Syrah!

Permanece em Mértola o Bombeira do Guadiana, Herdade da Bombeira, 100% Syrah, que foi recentemente premiado com uma medalha de prata no Concurso Internacional “Syrah du Monde” e o Pulo do Lobo, Sociedade Agrícola de Pias , 100% Syrah de Pias, Beja, mas que é relativamente recente.

Os Syrah de Cortes de Cima permanecem como um exemplo de persistência no tempo e na qualidade e isso é bem demonstrado mais uma vez com a recente medalha de ouro que o Incógnito obteve no Concurso Internacional “Syrah du Monde”.
Hamilton Reis tem uma grande responsabilidade neste facto e é por isso que permanece como um dos enólogos do Syrah preferidos do Blogue do Syrah!


 

Blaudus Rosé, Quinta de Baixo, 100% Syrah, Bairrada, 2006

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Este Blaudus Rosé Syrah da Bairrada, que acabamos de descobrir, é uma verdadeira preciosidade!

Para falar verdade quem o descobriu não foi o Blogue do Syrah mas sim os nossos confrades da Garrafeira Estado d’Alma! Tiago Paulo participou num leilão de vinhos e arrebatou um número elevado de garrafas onde se encontravam vinhos diversos da Quinta de Baixo. No meio dessas dezenas de garrafas surge quase por milagre uma única garrafa deste Blaudus Rosé, Quinta de Baixo, 100% Syrah, Bairrada, 2006! Imediatamente se lembrou de nós! E cá estamos para dar conta do acontecido, apesar de termos bem consciência de que se trata de um vinho que esgotou faz muito e até mesmo os actuais donos da Quinta de Baixo já são outros. A partir de Janeiro de 2012, a Niepoort passou a tomar conta das vinhas e da adega.

É pois um Syrah com 12,5% de graduação alcoólica e o enólogo foi Sérgio Silva. É um vinho limpo e brilhante. Aroma marcado pela casta, floral com notas de cassis fresco, frutado. Boca fresca, boa acidez, fruta persistente, elegante com terminar longo e ligeiramente fortificado.

O que verdadeiramente impressionou foi o facto de este Syrah ter aguentado 10 anos, mantendo na íntegra a sua class,e quando o próprio produtor indicava em 2006 “beber já ou guardar até dois anos!”

Com quase duas décadas de existência, a Quinta de Baixo situa-se no lugar da Cordinhã, concelho de Cantanhede. Com solos argilo-calcários os 22 hectares de vinha dividem-se em três quintas com idades compreendidas entre os 10 e os 80 anos, situadas no famoso triângulo: Cordinhã, Ourentã, Cantanhede, zona de aptidão máxima reconhecida na viticultura da Bairrada.

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A Bairrada é caracterizada por um clima temperado marítimo, que possui Verões com dias quentes e noites frescas, e cujos limites geográficos são os extensos areais da costa de prata e as serras do Buçaco e do Caramulo. É também uma região de colinas suaves, soalheiras, com solos barrentos e argilo-calcários orientados a sul, o que pelos vistos ajudou a propiciar um rosé de inegável qualidade.
Pena é estar esgotado, como seria de esperar!

Cantava Fernando Pessoa, pela voz de Ricardo Reis:
Não só vinho, mas nele o olvido, deito
Na taça: serei ledo, porque a dita
É ignara. Quem, lembrando Ou prevendo, sorrira?
Dos brutos, não a vida, senão a alma,
Consigamos, pensando; recolhidos
No impalpável destino
Que não ‘spera nem lembra.
Com mão mortal elevo à mortal boca
Em frágil taça o passageiro vinho,
Baços os olhos feitos
Para deixar de ver.

Ricardo Reis, in “Odes”

Deste Rosé Syrah, deitar na taça é coisa que já ninguém poderá fazer!

(Este Rosé Syrah foi gentilmente oferecido pela garrafeira Estado d`Alma. O nosso obrigado!)

Classificação: 16/20                                                     Preço: 3,25€


 

Resultados do Concurso Internacional “Syrah du Monde”

Resultados do Concurso Internacional
É com redobrado prazer que o Blogue do Syrah vem, em primeira mão, anunciar os resultados do concurso Internacional Syrah du Monde , que é o concurso mais importante para a casta que diariamente aqui patrocinamos: a Syrah!

Concorreram um total de 23 países, que apresentaram 374 amostras de Syrah.
Os juízes testaram as amostras de acordo com as regras internacionais e seguiram escrupulosamente procedimentos de garantia de qualidade e isenção.
Após três dias de trabalhos, foram atribuídas 124 medalhas: 35 de ouro e 89 de prata.
Mais uma vez não foi atribuída a medalha de grande ouro e, por curiosidade, também não foram atribuída medalha de bronze.

Portugal, em grande como sempre, e para nosso regozijo, recebeu seis medalhas no total. Duas medalhas de ouro e quatro medalhas de prata.

Medalhas de ouro:

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Cem Reis Syrah de 2014

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Incógnito de 2012

 

Medalhas de prata:

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Ermelinda Freitas Syrah 2013

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Quinta do Gradil Syrah 2015

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Bombeira do Guadiana Syrah 2014

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Humanitas Reserva Syrah 2014

 

Quatro dos Syrah premiados são Alentejanos, um é de Setúbal e o outro é de Lisboa. Imensos parabéns aos premiados e o nosso agradecimento!

O grande vencedor em termos numéricos é a Austrália, com 8 medalhas de ouro e 16 medalhas de prata, seguido pela França com 5 medalhas de ouro e 22 medalhas de prata. Em terceiro lugar ficou a África do Sul com 5 medalhas de ouro e 11 medalhas de prata. Portugal, com as suas 6 medalhas, ficou em sexto lugar, lado a lado com a Itália.

As seis medalhas para Portugal igualam o mesmo número de medalhas do ano passado, apesar de ter recebido uma medalha de ouro a mais.

Mas é convicção do Blogue do Syrah que se concorressem mais Syrah portugueses maior seria o número de medalhas de ouro e de prata. Temos matéria prima para arrebatar pelo menos uma dúzia de medalhas.
Fica para o ano!